A Igreja Católica defendeu nesta quarta-feira, 18, em meio às comemorações pela festa da pátria no Chile, "Verdade, justiça e reconciliação", como base para o reencontro dos chilenos, 40 anos após o golpe militar que, em 1973, rompeu com a democracia no país sul-americano.
"Não existe futuro sem memória, o presente nos brinda com a oportunidade de lamentarmos as nossas divergências e o passado recente”, afirmou o Arcebispo de Santiago, Dom Ricardo Ezzati, durante o Te Deum ecumênico realizado na Catedral de Santiago.
Na cerimônia, tradicional nesta data, participaram cerca de 3.500 convidados, entre os quais o Presidente Sebastián Piñera, autoridades governamentais, do Legislativo, do poder Judiciário e do Corpo Diplomático .
A cerimônia foi oferecida, além de Ezzati, por dignitários de várias crenças religiosas, que concordaram em pedir paz e progresso para o Chile, que hoje celebra o 203º aniversário do processo que levou o país à independência, no início do século XIX.
Dom Ezzati concentrou sua pregação na reconstrução do democracia, uma tarefa ainda em aberto há 40 anos do golpe militar, destacando que "a verdade , a justiça e a reconciliação são o caminho que propomos para uma vida digna e uma convivência humanizadora".
"Mais do que nunca, seguimos acreditando neste caminho, mais além das dificuldades que se colocam”, acrescentou o prelado, que respaldou a necessidade de se realizar grandes reformas: "Existem sinais de que nossas roupagens institucionais nos mantém limitados. Os cidadãos pedem profundas mudanças e reformas", reiterou ele. "Que Deus nos ajude a superar as discriminações, para que se enraízem na sociedade humana, a igualdade e a justiça", afirmou.
Para o Arcebispo, a sociedade chilena enfrenta "uma crise cultural e espiritual, alimentada pelo individualismo de pessoas e grupos que não nos pode deixar indiferentes". "O Chile é uma mesa para todos” – observou ele – admitindo que "a desigualdade econômica e de oportunidade parece ser um mal endêmico, difícil de corrigir”.
Dom Ezzati citou então o Papa Francisco, afirmando que "o futuro exige hoje a tarefa de reabilitar a política e fazer uma visão humanista da economia”, palavras estas compartilhadas pelos presentes, segundo afirmaram ao término da cerimônia.