A Santa Sé publicou hoje um documento para esclarecer algumas questões doutrinais, que nos últimos anos tem sido refletida por muitos teólogos. O documento foi elaborado pela Congregação para a Doutrina da Fé.
O breve documento, que têm por título "Respostas a questões relativas a alguns aspectos da Doutrina sobre a Igreja", apresenta em forma de questionário, cinco perguntas respondendo à dúvidas referentes a Eclesiologia Católica.
.: Leia na íntegra o documento
1) Terá o Concilio Vaticano II modificado a precedente doutrina sobre a Igreja?
2) Como deve entender-se a afirmaçao de que a Igreja de Cristo subsiste na Igreja Católica?
3) Por que se usa a expressão "subsiste na", e nao simplesmente a forma verbal "é"?
4) Por que é que o Concílio Ecumênico Vaticano II dá o nome de "Igrejas" às Igrejas Orientais separadas da plena comunhão com a Igreja católica?
5) Por que razão os textos do Concílio não atribuem o título de "Igreja" às comunidades cristãs nascidas da Reforma do século XVI?
Na primeira questão, o questionário explica que o Concílio Vaticano II não mudou a Doutrina da Igreja, mas a desenvolveu, aprofundou e assim a expôs com maior fecundidade.
Padre Federico Lombardi, Diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé – Porta-voz da Santa Sé, esclarece que as questões 2 e 3 falam do termo da subsistência da Igreja de Cristo na Igreja Católica, que não se usa o termo "é" a Igreja de Cristo mas "subsiste" nela, justamente para expressar que estão contidos todos os elementos desejados por Cristo. Isso não quer dizer que nas outras comunidades cristãs não existam também alguns destes elementos de salvação. Portanto o termo "subsistir" ao contrário do que se pensa é uma abertura ao Ecumenismo.
Na 4ª questão o documento explica porque o Concílio Vaticano II passou a chamar de Igrejas as comunidades cristãs orientais separadas da Igreja Católica. Deve-se ao fato de terem os mesmos sacramentos, a sucessão apostólica, o Sacerdócio e a Eucaristia, aspectos que criam um forte vínculo.
Já a denominação "Igreja" não é usada para as comunidades cristãs separadas na pós-Reforma do século XVI, explica a 5ª e última questão, pois elas não possuem a sucessão apostólica e o sacramento da ordem, deste modo lhes falta, algo essencial e constitutivo da Igreja. São chamadas por sua vez comunidades eclesiais.
O último Documento semelhante publicado foi o "Dominus Iesus" em 2000. Foi assinado pelo então Cardeal Joseph Ratzinger, que na época era o prefeito da Congregação para a Doutrina da fé.
Comentário Prof. Felipe Aquino
O documento da Congregação da Fé do Vaticano, publicado hoje (10 julho), basicamente tem a intenção de deixar claro que o Concílio Vaticano II em nada alterou a Doutrina da Igreja em relação à Igreja. E, responde às perguntas que lhe chegam, reafirmando que "a Igreja de Cristo subsiste só na Igreja católica"; porque só nela há "perene continuidade histórica e a permanência de todos os elementos instituídos por Cristo na Igreja católica". Só nela há a plenitude dos meios de salvação.
Por outro lado afirma que é correto dizer que nas comunidades eclesiais ainda não em plena comunhão com a Igreja católica, a Igreja de Cristo está presente e operante através dos elementos de santificação e de verdade nelas existentes, mas que a palavra "subsiste" só pode ser atribuída exclusivamente à única Igreja católica. Nas outras "Igrejas"” não há todos os elementos constitutivos que Cristo colocou na Igreja Católica.
Com relação às Igrejas ortodoxas, elas são chamadas de "Igrejas locais ou particulares" porque guardam a sucessão apostólica e a validade dos Sacramentos. As comunidades protestantes não são chamadas de Igrejas porque, segundo a Doutrina Católica, tais comunidades não têm a sucessão apostólica no sacramento da Ordem e, por isso, estão privadas de um elemento essencial constitutivo da Igreja. Este documento nada de novo acrescenta ao que a Igreja já vem ensinando há muito tempo.