Secretário das Relações com os Estados da Santa Sé falou na ONU, por ocasião do Dia Internacional para a Eliminação Total das Armas Nucleares
Da redação, com Vatican News
A humanidade exige urgentemente a abolição das armas nucleares e a comunidade internacional deve continuar seus esforços para livrar o mundo da ameaça de guerra atômica, dirigindo-se em particular aos líderes dos países com arsenais nucleares. Isto foi destacado por ocasião do Dia Internacional para a Eliminação Total das Armas Nucleares, celebrado nesta terça-feira, 28, em todo o mundo, pelo Secretário para as Relações com os Estados da Santa Sé, Dom Paul Richard Gallagher, em seu discurso na Assembleia Geral da ONU em Nova York para comemorar e promover as questões da nuclearização.
A dissuasão contribui para o “status quo”
Para a Santa Sé, há dois fatores que contribuem para manter o “status quo” nuclear e afastar o desarmamento. Por um lado, há a política de dissuasão ou desencorajamento, “que leva a uma corrida armamentista e gera uma tecnologia desumanizante que sustenta e agrava a desconfiança entre as nações”. De fato, como o Papa João XXIII escreveu na Pacem in Terris, a paz não consiste em uma distribuição justa de armamentos, mas somente na confiança mútua.
Reduzir as despesas militares e aumentar o desenvolvimento
Por outro lado, há o gasto exorbitante de alguns Estados no desenvolvimento e produção de arsenais nucleares, “uma fonte de crescente desigualdade tanto dentro das nações como entre elas”. “À medida que enfrentamos uma pandemia global de natureza incerta e os efeitos da mudança climática global pioram”, diz Gallagher, “os Estados devem reduzir seus gastos militares no interesse de atender às necessidades humanitárias e às exigências de nossa casa comum”. Como foi recordado na Fratelli Tutti do Papa Francisco, o objetivo deve ser o de converter os gastos militares para um fundo global para promover o desenvolvimento dos países mais pobres.
Instrumentos diplomáticos para o desarmamento
A Santa Sé também felicita os 122 Estados membros que votaram há quatro anos para adotar o Tratado sobre a Proibição de Armas Nucleares, que entrou em vigor em janeiro passado, e encoraja os Estados ainda relutantes em assinar este importante acordo. Reitera-se também aos países com armas nucleares para que apoiem o esforço de desarmamento com base no Tratado de Não-Proliferação.