Queridos irmãos e irmãs!
Estou feliz por encontrar-me em Astana, capital da República do Cazaquistão, esse nobre e extenso País situado no coração do território da Eurásia. Eu gostaria de expressar a minha profunda alegria de poder visitar esta vossa Catedral da Assunção, recentemente aberta para o culto. Saúdo a todos com carinho, começando por Sua Eminência o Metropolita Alexander e, enquanto lhe agradeço pela acolhida fraterna, trago a ele e a todos vós as saudações do Santo Padre Bento XVI, com pedido que a transmitais a Sua Santidade Kirill, Patriarca de Moscou e de Todas as Rússias. Saúdo, em seguida, às demais autoridades religiosas (e civis), sacerdotes, diáconos e fiéis da Igreja Ortodoxa no Cazaquistão. Possa este nosso fraterno encontro suscitar um renovado impulso para unirmos esforços, para que, em futuro próximo, os discípulos de Cristo proclamem com uma só voz e um só coração o Evangelho, mensagem de esperança para toda a humanidade.
A ocasião desta minha visita grata visita a Astana é a Cúpula dos Chefes de Estado e de Governo dos Países da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), que se realizará nos próximos dias. Tal circunstância sugeriu às mais altas autoridades do Cazaquistão destinar-me um cortês convite para visitar a vossa terra. Ao acolher de bom grado esse deferente e apreciado gesto, imediatamente pensei na alegria de poder dirigir-me a um País no qual há amplas possibilidades para uma serena e frutuosa convivência religiosa. Em tal contexto, para nós, cristãos, o dever do amor recíproco é ainda mais urgente: somos, de fato, chamados a dar testemunho a todos, com palavras e ações, que Deus é Amor. A esse respeito, a minha presença deseja ser também um incentivo a prosseguir sobre o caminho do grande respeito e carinho, que eu sei que existe entre a Comunidade Ortodoxa e aquela católica de Astana, bem como em outras cidades. Não faltam, queridos amigos, ocasiões propícias de apoio mútuo e aprofundamento na amizade.
Hoje, nesse agradável encontro convosco, tenho a especial alegria de atender ao alto encargo que me foi confiado pelo Santo Padre Bento XVI, de dar-lhes um fragmento das relíquias do Apóstolo Santo André, que são venerados na Itália, na cidade de Amalfi . Esta entrega, que tenho a honra de realizar nas mãos de Sua Eminência o Metropolita Alexander, acontece em resposta ao devoto pedido que o seu predecessor, Metropolita Mefodji, e o Arcebispo Tomash Peta, Metropolita Católico, dirigiram conjuntamente ao Papa Bento XVI. O Pontífice, querendo satisfazer de bom grado esse ardente desejo, decidiu atribuir às respectivas Igrejas dois fragmentos das preciosas relíquias. Tal decisão reveste-se de profundo significado, enquanto sublinha a comum veneração dos Apóstolos.
Apraz-me sublinhar que o evento de hoje de entrega da relíquia de Santo André, que vós tanto venerais, coincide exatamente com o dia em que, de acordo com o calendário da Igreja latina, celebra-se a sua festa litúrgica. André nasceu em Betsaida, foi o primeiro discípulo de João Batista e, depois, seguiu o Senhor Jesus, que o conduziu a seu irmão Pedro. Juntamente com Filipe, apresentou a Cristo mesmo os gentios e apontou para o menino que trazia os peixes e os pães. Segundo a tradição, depois do Pentecostes, pregou em diversas regiões e foi crucificado em Acácia (Grécia). O Evangelho diz-nos que Jesus, "passando ao longo do mar da Galileia, viu Simão e André, seu irmão, que lançavam as redes ao mar, pois eram pescadores. Jesus disse-lhes: 'Vinde após mim; eu vos farei pescadores de homens'" (Mc 1,16-17). André, portanto, foi o primeiro dos Apóstolos a ser chamado para seguir Jesus. Exatamente com base nesse fato, a liturgia bizantina honra-o com o apelativo de Protóklitos, que significa propriamente o primeiro chamado.
O relato evangélico prossegue precisando que "imediatamente, deixaram suas redes e o seguiram" (Mc 1,18). É essa adesão pronta que permitiu aos Apóstolos difundir a Palavra, a "boa nova" da salvação. A fé vem pelo ouvir e o que se escuta é a Palavra de Cristo, que ainda hoje a Igreja difunde até os confins da terra. Essa Palavra é o alimento indispensável para a alma. É dito no livro do profeta Amós que Deus colocará no mundo uma fome, não fome de pão, mas de ouvir a sua palavra (cf. Am 8,11). É essa uma fome salutar, porque faz-nos continuamente buscar e acolher a Palavra de Deus, sabendo que essa deve nos nutrir por toda a vida. Nada na vida pode ter consistência, nada pode verdadeiramente nos satisfazer, se não for alimentado, penetrado, iluminado e guiado pela Palavra do Senhor. Além disso, um sempre mais profundo compromisso de radical adesão a tal Palavra, juntamente com o apoio do Espírito Santo, constitui a força para realizar a aspiração de toda a Comunidade cristã e de cada fiel à unidade (cf. Bento XVI, Exortação Apostólica Verbum Domini, 46).
Do Evangelho de São João, recolhemos um outro detalhe importante sobre o Apóstolo André: " Foi ele então logo à procura de seu irmão e disse-lhe: Achamos o Messias (que quer dizer o Cristo). Levou-o a Jesus" (Jo 1,41-43), demonstrando imediatamente um forte espírito apostólico. A esse respeito, São João Crisóstomo comenta: "Aquela de André é a palavra de quem aguarda com expectativa a vinda do Messias, que esperava a sua descida do céu, que se encheu de alegria quando o viu chegar, e que se apressou a comunicar aos outros a grande notícia. Vede de que maneira notifica aquilo que havia aprendido em tão pouco tempo? André, após ter permanecido com Jesus e ter aprendido tudo o que Jesus havia ensinado, não mantém trancado em si o tesouro, mas apressou-se a correr para seu irmão, para informar-lhe a riqueza que tinha recebido. [… ] Olhai também a alma de Pedro, desde o início dócil e pronta à fé: imediatamente corre, sem se preocupar com mais nada" (Om. 19, 1, PG 59, 120).
No precioso ícone doado pelo Patriarca Atenagora I ao Papa Paulo VI, em 5 de janeiro de 1964, os dois santos apóstolos, Pedro o Corifeo e André o Protóclito, abraçam-se, em uma eloquente linguagem de amor, debaixo do Cristo glorioso. André foi o primeiro a colocar-se no seguimento do Senhor, Pedro foi chamado a confirmar os seus irmãos na fé. O seu abraço sob o olhar de Cristo é um convite para continuar no nosso caminho, rumo àquela meta de unidade que juntos desejamos alcançar. Nada desanima-nos, mas vamos em frente com esperança, apoiados pela intercessão dos apóstolos Pedro e André, bem como pela proteção maternal de Maria Santíssima, Mãe de Cristo e Mãe nossa. Com particular intensidade, peçamos a Deus o dom precioso da unidade entre todos os cristãos, fazendo nossa a invocação que Jesus ofereceu ao Pai por seus discípulos: "Para que todos sejam um, assim como tu, Pai, estás em mim e eu em ti, para que também eles estejam em nós e o mundo creia que tu me enviaste" (Jo 17,21).
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