Milhares de soldados da Guarda Nacional da Venezuela tentaram na sexta-feira, 17, retomar o controle de um dos maiores complexos penitenciários do país, onde um motim que dura uma semana deixou ao menos 24 mortos, mas diante da resistência dos detentos eles estenderão a operação com a ajuda de paraquedistas.
Dois oficiais morreram e 22 militares ficaram feridos ao entrarem em confronto com presos que se negaram a se submeter a revistas, segundo fontes, enquanto circulavam rumores de novas vítimas fatais entre os presos.
Os rumores, levantados por políticos, familiares e a mídia, não foram confirmados.
"Parecia a guerra do Vietnã, a segunda guerra mundial", disse o general Luis Motta, quem relatou que os detentos utilizaram fuzis de longo alcance, metralhadoras e outras armas automáticas para se defender.
Ele contou que conseguiu controlar o edifício conhecido como El Rodeo I, mas que "devido à hostilidade" de cerca de 1.400 presos de El Rodeo II, a operação continuará neste sábado, 18, com o apoio de 400 paraquedistas, que ajudarão nas revistas.
Motta pediu aos familiares que não impedissem a ação, depois que eles agrediram soldados no lado de fora do complexo penitenciário, e exortou os presos a se render.
"A Guarda Nacional não se moverá deste recinto até ter retomado a ordem e a paz no mesmo", garantiu.
Grupos de direitos humanos dizem que a prisão El Rodeo foi construída para 750 pessoas, mas que agora abriga 3.600. Em nível nacional, 49.000 presos estão vivendo num espaço destinado a 13.000.
O fato ocorre num momento em que o presidente Hugo Chávez se recupera em Cuba de uma cirurgia realizada no fim de semana passado.
"Estamos obrigados a exercer a autoridade para preservar a vida dos privados de liberdade", disse o vice-presidente venezuelano, Elías Jaua.
O governo anunciou nesta semana a criação do Ministério de Atenção Penitenciária para trabalhar no controle do caos dentro das cadeias, onde reclusos traficam drogas, andam armados, executam crimes por telefone e controlam pavilhões.
A violência neste complexo, a leste de Caracas, mostra o alto grau de conflito social na Venezuela, que tem um dos maiores índices de criminalidade da região.