A caridade da Igreja é universal nas possibilidades e nas oportunidades e por isso deve incluir um empenho pela justiça social.
Contudo das tarefas da Igreja não faz parte a politica, mas sim a promoção do desenvolvimento integral da pessoa humana. Foi o que afirmou Bento XVI recebendo na manhã desta sexta feira, 08, na Sala Clementina do Palácio Apostólico os participantes na 18ª Assembleia Geral da Cáritas Internacional, reunidos desde segunda-feira no Vaticano.
Vós sois chamados – disse o Papa – através da atividade humanitária que empreendeis a assistir a missão da Igreja e levar ao mundo inteiro o amor de Deus. O verdadeiro conceito de caridade – explicou – faz-nos chegar ao coração da cristandade.
No trabalho das organizações humanitárias como a vossa, nós vemos os frutos do amor de Cristo. Segundo o Papa, a caridade deve ser compreendida à luz de Deus que é amor. Isto é aquilo que a Caritas Internacional procura realizar no mundo. Desta visão teológica descendem implicações praticas, duas das quais foram focalizadas por Bento XVI.
A primeira – afirmou – é que o ato de caridade deve ser inspirado por uma experiência de fé pessoal que leva à descoberta que Deus é amor. Os agentes da Cáritas são chamados a dar testemunho deste amor perante o mundo. A caridade cristã – prosseguiu – supera a nossa capacidade natural de amor: é uma virtude teológica, como São Paulo nos ensina no seu famoso hino à caridade. Ela portanto desafia o doador a colocar a assistência humanitária no contexto de um testemunho de fé pessoal que então se torna parte do dom oferecido aos pobres.
A segunda implicação, segue de perto a primeira, diz que o amor de Deus é oferecido a todos, razão pela qual a caridade da Igreja é também universal nas possibilidades e assim deve incluir um empenho a favor da justiça social. Para Bento XVI até mesmo mudar as estruturas injustas não é só por si suficiente a garantir a felicidade da pessoa humana.
Além disso – sublinhou – como afirmei recentemente aos bispos reunidos em Aparecida no Brasil, o papel da politica não é competência imediata da Igreja.
"A sua missão consiste na promoção do desenvolvimento integral da pessoa humana. Por esse motivo os grandes desafios que se encontram perante o mundo no tempo presente, como a globalização, os abusos dos direitos humanos, as estruturas sociais injustas, não podem ser enfrentados e superados sem que a atenção seja dirigida às necessidades mais profundas da pessoa humana: a promoção da dignidade humana, o bem estar e em última análise a salvação eterna".
No seu discurso, Bento XVI formulou também os seus bons votos ao Cardeal Rodriguez Maradiaga, eleito pela Assembleia Geral, Presidente da Caritas Internationalis.