Em Celebração da Paixão do Senhor, Frei Raneiro Cantalamessa destaca a grande misericórdia de Deus para com Seus filhos
Letícia Babrosa
Da Redação
O Papa Francisco presidiu a Celebração da Paixão do Senhor nesta Sexta-feira Santa, 3, dia em que a Igreja convida os fiéis a fazerem memória da Paixão e Morte de Cristo. O rito composto pela liturgia da Palavra, a adoração da cruz e a comunhão eucarística aconteceu na Basílica de São Pedro, no Vaticano.
Logo no início, o Sumo Pontífice realizou uma breve oração. Em seguida, houve a proclamação da Primeira e Segunda Leitura, intermediadas pelo Salmo e finalizada pela narração da Paixão segundo João.
A reflexão foi feita pelo pregador da Casa Pontifícia, Frei Raniero Cantalamessa, que chamou à atenção para o encontro de Pilatos e Jesus, momento em que dá ordens aos soldados para que flagelassem Cristo. Com isso, os soldados colocam no Filho de Deus uma coroa de espinhos e um manto. O frei destacou que, nesse episódio, Jesus é “reduzido”, tornando-se protótipo daqueles que eram flagelados.
“Jesus tem na cabeça uma coroa de espinhos. De Sua cabeça descem gotas de sangue. Sua boca está semiaberta como quem luta para respirar e sobre os ombros um manto pesado. Ele tem os pulsos amarrados por uma corda grosseira”, descreveu o pregador.
A partir de uma frase do filósofo Blaise Pascal, o frei capuchino destacou que “Jesus encontra-se em agonia em cada homem e mulher submetido aos mesmos tormentos”. O pregador interpretou a frase fazendo alusão àqueles que estão “nus” e “famintos”.
“Pensemos agora no sofrimento dos indivíduos, nas torturas decididas por sangue frio. Seres humanos contra outros seres humanos. Quantos prisioneiros na mesma condição de Jesus! Os cristãos não são somente as únicas vítimas da violência, mas, em muitas países, eles são vítimas marcadas”, afirmou o frei.
Ao refletir a violência vivida e também gerada pelo ser humano, Cantalamessa lembrou que Cristo disse a Seus discípulos que chegaria um dia em que matariam em nome de Deus. E para ele “talvez essas palavras nunca acharam um momento tão oportuno quanto os dias de hoje”.
O pregador criticou a indiferença “perturbadora” das instituições mundiais e das opiniões públicas, exortando que todos correm o risco de ser como Pilatos e “lavar as mãos”.
No decorrer de sua reflexão, ele explicou que a exclamação feita por Jesus na cruz – “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem” – é uma exigência como Filho. Portanto, aqueles que O crucificaram foram perdoados, não sem antes se arrepender de alguma forma, e com isso estão ao lado de Jesus no paraíso.
“A grandeza divina de Seu perdão é que Ele foi oferecido aos Seus inimigos. Esse perdão não deve procurar compensação, mas deve ser inspirado por uma caridade que desculpa o próximo, mas sem fechar os olhos para a verdade”, explicou Cantalamessa.
Segundo ele, “a maior vitória definitiva do bem sobre o mal já aconteceu, de fato, na cruz” e, desde esse dia, o mal é perdedor.
Ao término de seu discurso, o frei capuchinho reiterou que a violência tem assolado os cristãos. Lembrou das mortes ocorridas no Oriente Médio, cuja autoria é do grupo terrorista intitulado Estado Islâmico.
“Os verdadeiros mártires de Cristo não morrem com os punhos fechados, mas com as mãos juntas. Tivemos tantos exemplos recentes. Oremos por nossos irmãos de fé que são perseguidos. Oramos pelos cristãos e não cristãos. [Senhor] Inspire em homens e mulheres de nossa época pensamentos de paz, de misericórdia e perdão”, encerrou o pregador.
A Liturgia da Paixão continuou com a oração universal, seguida da adoração da Santa Cruz e a Sagrada Comunhão.