O Papa Francisco concedeu uma entrevista ao jornalista evangélico, Marcelo Figueroa, e falou sobre o valor da amizade e o cuidado com o meio ambiente
Da redação, com Rádio Vaticano
O valor da amizade e o cuidado com o meio ambiente foram os temas de uma entrevista que o Papa Francisco concedeu ao seu amigo argentino, jornalista evangélico da Rádio Milenium FM 106.7 de Buenos Aires, Marcelo Figuero. A entrevista foi ao ar no último domingo, 13.
Falando sobre o sentido profundo da amizade, Francisco afirma que nunca teve tantos “amigos” como agora. “Todos são amigos do Papa. A amizade é algo muito sagrado. Porque um amigo não é um conhecido, com quem se tem uma conversa.”
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O Papa adverte ainda para o sentido utilitário das amizades, de aproximar-se de uma pessoa para tirar proveito. “Isso me machuca. E eu me senti usado por pessoas que se apresentaram como amigas e a quem eu não tinha visto quem sabe mais do que um ou duas vezes na vida, e usou isso para seu proveito. Porém é uma experiência pela qual todos passamos, a amizade interesseira. A amizade é um acompanhar a vida do outro a partir de um pressuposto tácito”, disse, recordando que as verdadeiras amizades nascem espontaneamente e perduram, não obstante o tempo.
O Pontífice falou ainda da cultura da inimizade, contra a qual é preciso trabalhar “por uma cultura do encontro, e também da amizade pela criação, a propósito da sua Encíclica “Laudato Si’”.
“Evidentemente maltratamos a criação. Não somos seus amigos, às vezes a tratamos como o pior inimigo. Pense na desflorestação, no mal uso da água, nos métodos de extração”. Francisco cita ainda o exemplo da Amazônia e as hidrelétricas em construção. “A Amazônia abarca vários países, de modo que não sei qual país e por isso não falo mal de nenhum. Porém são represas hidrelétricas que significam um desequilíbrio total do ecossistema.”
Por criação, o Papa entende também o homem, que foi substituído pelo dinheiro. “A escravidão, o trabalho escravo (…) Neste momento, temos uma péssima relação com a criação. Estamos à margem do irreversível, e isto é trágico. E, por outro lado, não é invencível porque, mesmo que se chegue à catástrofe, eu acredito na terra nova e nos novos céus. Tenho esperança e sei que a criação será transformada.”