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Franciscano na Terra Santa fala sobre preocupação da Igreja com a Nicarágua

A Igreja vê a dor das pessoas, não está indiferente, diz Frei Aristides Escorcia, que é natural da Nicarágua

Reportagem de Gracielle Reis e Gleyson Paulo
Da Terra Santa 

Na Terra Santa, um frade franciscano natural da Nicarágua acompanha como está a onda de protestos em seu país. Ele comenta suas preocupações e como a Igreja em todo o mundo está unida nesse momento tão desafiador.

Frei Aristides Escorcia é natural do país latino, mas atualmente estuda na Terra Santa. Mesmo à distância, ele quer estar próximo de familiares e amigos e afirma como a Igreja na Nicarágua tem sito atuante. 

“Algo que me toca muito é ver a Igreja em saída e não está fechada em si mesma, mas vê a dor das pessoas. Isso é um testemunho porque é a palavra que encarna na história e no que está acontecendo no país. Vemos que os padres e bispos estão próximos. Isso me encanta muito! Sou muito agradecido! E apesar de ameaças recebidas, até atingindo autoridades eclesiásticas, há o esforço pelo diálogo e para que haja justiça”. 

O que vem preocupando a Igreja são as perseguições a cristãos e ataques a igrejas, cenas de violência e mortes, inclusive a de uma estudante brasileira. O acesso a serviços também sido dificultado, como o dos meios de comunicação. 

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“Muitas igrejas têm sido profanadas e abertas. A Eucaristia sendo retirada. Em uma igreja foi o mais forte, pois até quiseram tirar os bancos onde as pessoas se sentavam. Vemos sacerdotes que não podem fazer nada e sendo agredidos por grupos pequenos, que têm sido manipulados. (…) De início, estava difícil a comunicação porque alguns meios estavam bloqueados para se obter notícias, a não ser os meios que são do governo. É tudo muito difícil. Um meio fundamental tem sido a rede de internet. Posso ver muitas imagens e me comunicar com minha família. Em muitos lugares públicos, também cortaram a internet e, até mesmo, com a energia sendo desligada para não carregarem o celular e poderem se comunicar.

Desde abril, o país enfrenta uma grave crise política com diversas manifestações. Mas a Igreja em todo o mundo demonstra a sua unidade. No dia 22 de julho, foi convocado pelo Conselho Episcopal Latino-Americano (Celam) um dia de oração pela Nicarágua. Na Terra Santa, cristãos e peregrinos também se uniram em oração pelo país. 

“Uma coisa que tenho a ressaltar, especialmente aqui onde estou, em Nazaré, é quando os peregrinos me perguntam de onde sou. Ao falar que sou da Nicarágua, eles comentam que está difícil a situação, mas que vão rezar. Isso me faz sentir em comunhão. É a nossa Igreja que está em diferentes partes. Muitos sacerdotes também dizem que vão rezar na Eucaristia que celebram. Vemos, portanto, que não há indiferença. E como disse um de nossos bispos: é um tempo de rezar, um tempo que nos toca. Vemos que a Igreja não está indiferente”. 

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