Na homilia desta quinta-feira, 9, o Papa afirma que o Sacramento da Comunhão faz as pessoas saírem do individualismo para viverem juntos o seguimento de Jesus
Monique Coutinho
Da redação
Nesta quinta-feira, 9, o Papa Francisco celebrou a sua primeira Missa em território boliviano. A celebração ocorreu na Praça do Cristo Redentor, em Santa Cruz de La Sierra, considerada a segunda maior cidade do país.
O Santo Padre inicia sua homilia observando as diversas pessoas que saem de suas regiões e povoados para celebrar a presença de Deus, com a necessidade de ouvir a Sua Palavra e diz que durante a sua viagem pela América Latina, presenciou muitas mães carregando seus filhos nas costas.
Diante desta realidade, o Pontífice faz uma comparação dessas mulheres que, além dos filhos, carregam em si a alegria e a esperança, mas também as tristezas, amarguras e memórias do povo. “Carregais sobre vós a memória do vosso povo. Porque os povos têm memória, uma memória que passa de geração em geração, uma memória em caminho.”
O Bispo de Roma diz ainda que este caminho é cansativo e que as vezes faltam forças para manter viva a esperança. “Quantas vezes vivemos situações que pretendem nos anestesiar a memória e, deste modo, debilita-se a esperança e, pouco a pouco, perdem-se os motivos de alegria. E começa a apoderar-se de nós uma tristeza que nos torna individualistas, que nos faz perder a memória de povo amado, de povo escolhido. E esta perda nos desagrega, faz com que nos fechemos aos outros, especialmente aos mais pobres.”
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Diante desta fragilidade, é fácil ganhar espaço a lógica imposta pelo mundo atual. O Santo Padre afirma que esta lógica procura transformar tudo em “objeto de troca e de consumo”, ou seja, em algo negociável.
“Uma lógica que pretende deixar espaço para muito poucos, descartando todos aqueles que não produzem, que não são considerados aptos ou dignos porque, aparentemente, os números não batem certo. Jesus retoma a palava para nos dizer: Não é necessário irem embora; dai-lhes vós mesmos de comer.”
O Papa diz ainda que o olhar de Jesus não aceita uma lógica nem uma perspectiva que sempre “corta o fio pelo ponto mais frágil, mais necessitado”, e acrescenta dizendo que a multiplicação dos pães e peixes é um exemplo do verdadeiro caminho. “Este é o caminho do milagre. Por certo, não é magia nem idolatria.”
Segundo Francisco, há três ações nesta verdade que precisam ser destacados: Tomai, bendizei e entregai. “Tomar. O ponto de partida é tomar muito a sério a vida dos seus. Fixa-os nos olhos e, nestes, conhece a sua vida, os seus sentimentos (…) Bendiz. Jesus toma em suas mãos o dom, e bendiz o Pai que está nos céus. (…) Entrega. Em Jesus, não existe um tomar que não seja bênção, nem uma bênção que não seja entrega.”
O Pontífice cita ainda que a “Eucaristia é o Pão repartido para a vida do mundo”. Ele afirma que o Sacramento da Comunhão faz as pessoas saírem do individualismo para viverem juntos o seguimento de Jesus.
Ao concluir, o Santo Padre diz que Jesus quer que todos participem desta vida de comunidade, e que por intermédio, se multiplique cada vez mais na sociedade. “Uma vida memoriosa precisa dos outros, do intercâmbio, do encontro, duma solidariedade real que seja capaz de entrar na lógica do tomar, bendizer e entregar; na lógica do amor.”