Os Estados Unidos apoiam o fortalecimento do Programa Ambiental da Organização das Nações Unidas (ONU), mas não vêem necessidade de uma nova agência internacional com mais poderes, disse uma autoridade norte-americana na terça-feira.
Em fevereiro, 46 países, liderados pela França, propuseram a criação da Organização Ambiental da ONU, para combater ameaças como o aquecimento global, a falta de água e a extinção de espécies. Críticos dizem que o atual Programa Ambiental da ONU, com sede em Nairóbi, tem poucos poderes, mas Washington considera que este continua sendo o melhor fórum para ajudar os países a lidarem com as questões ambientais.
"Há dezenas desses acordos multilaterais. Nossa opinião é de que eles devem ser administrados pelos respectivos membros", disse Gerald Anderson, subsecretário-assistente do Escritório de Assuntos para Organizações Internacionais dos EUA. "A ONU não redigiu esses tratados. Seus membros não são os mesmos dos tratados, então não é adequado que uma organização da ONU administre sua implementação."
A nova agência seria inspirada na Organização Mundial da Saúde, que tem bem mais influência que o Programa Ambiental, e poderia ajudar a promover verbas e pesquisas e a coordenar ações governamentais. O tema ganha especial importância devido aos recentes relatórios da ONU com alertas sobre as consequências do aquecimento global –tema que será debatido na terça-feira pela primeira vez no Conselho de Segurança da ONU.
Em fevereiro, o presidente da França, Jacques Chirac, disse que "a própria sobrevivência da humanidade" está em jogo. Sua proposta para a criação de uma nova agência recebeu apoio dos países da União Européia e de nações como Argélia, Equador, Camboja, Seicheles e Gabão. Mas Estados Unidos, China, Rússia e Índia –os quatro maiores poluidores do planeta– não apareceram na lista.
Washington considera que o Programa Ambiental está em ótimas condições de "agregar valor à ONU", ajudando países em desenvolvimento a preservarem o meio ambiente e cumprirem suas obrigações nos tratados internacionais, disse Anderson à Reuters durante uma conferência da ONU no Quênia. "Somos muito a favor do Programa Ambiental. Nossa preocupação é que se você cria novas e maiores instituições, as pessoas no topo ficam mais longe do tipo de especialização que existe no nível do solo."