Cardeal Filoni visitou os refugiados acolhidos em Duhok e Manghes e fez um apelo à comunidade internacional
Da redação, com Rádio Vaticano
O enviado pessoal do Papa Francisco ao Iraque, Cardeal Fernando Filoni, teve um encontro com as autoridades políticas da Região Autônoma do Curdistão e visitou os refugiados cristãos, yazidis e outros nas províncias de Duhok e Erbil, informa um comunicado do Patriarcado Caldeu do Iraque.
Dom Filoni estava acompanhado pelo patriarca caldeu no país, Dom Louis Sako, e pelos bispos locais.
Depois de ter ouvido e visto as tragédias e os sofrimento de tantas famílias que deixaram as próprias aldeias, as suas casas e propriedades, sobretudo em Mossul, na Planície de Nínive e em Sinjar, o enviado do Santo Padre fez um apelo à comunidade internacional, para:
1. Intervir imediatamente, fornecendo apoios de primeira necessidade: água, alimentos, medicamentos, serviços de saúde, etc.
2. Libertar o mais rapidamente possível e de forma estável as aldeias e os lugares ocupados. Não se deve deixar morrer a esperança das populações!
3. Garantir proteção internacional a estas aldeias para incentivar as famílias a voltar às suas casas e continuar a sua vida normal em paz e segurança.
O cardeal visitou os locais na última sexta-feira e sábado, 15 e 16, e fez um relato de suas impressões à Rádio Vaticano:
“Na manhã deste sábado, encontrei em Duhok o governador desta região: falamos amplamente sobre a situação dos refugiados e tomamos conhecimento daquilo que o governo local está fazendo em favor dos vários grupos.
De sua parte, naturalmente, há um empenho muito generoso, embora, é claro, a região não disponha dos meios suficientes para enfrentar, por muito tempo, a situação que veio a ser criada: a população quase dobrou em relação à precedente. Portanto, também ele pede que as ajudas cheguem o mais rápido possível, sobretudo em relação aos gêneros de primeira necessidade.
Fomos visitar, com os outros bispos, o patriarca caldeu e o núncio, os vários acampamentos para refugiados e fizemos uma visita a Manghes, que é um vilarejo onde há um bom número de católicos caldeus e onde pude ver a situação e falar com as pessoas que estão acolhidas no centro paroquial dali, no qual numerosas famílias se encontram refugiadas.
Trata-se de pessoas que fugiram de Qaraqosh, de Bakhdida e de outros vilarejos da Planície do Nínive. Confiam que a Igreja não os abandonará, mas também fazem apelo a fim de que seu grito não seja esquecido a nível internacional.
Depois, ali perto, fomos visitar uma escola colocada a disposição pelo município, onde se encontram refugiados yazidis. Ali encontrei uma situação muito, muito dramática: não tanto do ponto de vista logístico, quanto do ponto de vista psicológico e moral. Vi, sobretudo, mulheres e muitas crianças e poucos anciãos… Ao falar comigo, esses anciãos choravam porque não veem um futuro para sua terra, sua cultura, sua tradição e continuamente nos perguntavam: “O que fizemos de mal para sermos assassinados?”
As mulheres estavam-se numa situação passiva: entre a comoção, o choro e a incapacidade de ter uma reação, abaladas pela dor e pelo sofrimento. As crianças, naturalmente muitas, que nos rodeavam, nos olhavam com aqueles olhos grandes, quase a perguntar-nos: “O que vocês estão fazendo por nós?”
Uma situação comovente, de grande sofrimento, creio, partilhada por todos. O fato de assegurar-lhes que o Papa e a Igreja Católica os defende, que fala por eles e que eles têm voz através de nós, deu-lhes um pouco de encorajamento.
Ademais, continuam chegando notícias de assassinatos: fala-se de 100 homens que teriam sido mortos, a notícia chegou esta manhã… Estamos procurando verificar. Fala-se de situações desesperadoras em alguns vilarejos, porque o povo não conseguiu fugir.”
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