Quaresma

Em exercícios espirituais, Cardeal diz que Deus não é mudo

Iniciou neste domingo, no Vaticano,os exercícios espirituais para a quaresma com a participação do Papa. O encerramento do retiro será no próximo sábado, 16.

.: Inicia domingo, retiro Espiritual do Papa em preparação à Quaresma

"O Deus da Bíblia não é um Deus mudo. É um Deus que fala aos homens para entrar em comunicação, em comunhão com eles". Foi a reflexão oferecida pelo Cardeal Vanhoye ao papa e à Cúria Romana na primeira meditação, feita domingo à noite na Capela Redemptoris Mater, na residência apostólica vaticana. "O nosso Deus – prosseguiu – quer restabelecer e aprofundar relações pessoais conosco".

Uma vontade de comunicação que se faz eloqüente quando o Senhor fala a Moisés na sarça ardente. É muito interessante ver de que modo Deus se autodefine. Diz a Moisés: 'Eu sou o Deus de teu pai, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque, o Deus de Jacó'. Deus não se autodefine com a sua onipotência, nem com a sua onisciência, mas se define com relações pessoais com alguns homens sem importância".

"Deus – ressaltou o cardeal – teria tido muitos motivos para não mais falar a seu povo, que lhe havia sido infiel, mas, ao invés, busca essa relação. Também Jesus – acrescentou – quando fala à Samaritana faz um gesto extraordinário, vista a inimizade entre judeus e samaritanos. E o faz porque essa é a vontade de Deus, uma vontade de comunicação".

"O autor da Carta aos Hebreus – disse Vanhoye – nos mostra dois períodos na comunicação da Palavra de Deus e duas espécies de mediadores. No primeiro, Deus falou por meio dos profetas, ao passo em que no segundo, que é o período escatológico, temos a intervenção decisiva de Deus por meio de Seu Filho, o mediador perfeito".

Nas meditações da segunda-feira pela manhã, o Cardeal Vanhoye se deteve sobre dois aspectos do nome de Cristo, apresentados pela Carta aos Hebreus. "Ele é Filho de Deus, mas também nosso Irmão, porque assume a forma humilde da existência humana. Portanto, Jesus torna-se solidário conosco. Nós temos mais que um advogado, um irmão que intercede por nós junto a Deus. Um irmão que prometeu anunciar-nos, após a sua glorificação, o nome do Pai e que agora o anuncia. Um irmão que não se esquece de nós em sua glória, porque a sua glória é justamente o próprio fruto da sua solidariedade conosco".

"O Filho – reiterou – é definido por meio da sua relação com o Pai. Portanto, é bem superior aos anjos, que também são mediadores entre nós e Deus".

Em seguida, o Cardeal Vanhoye dirigiu o pensamento à etapa decisiva da Salvação, o mistério pascal: "A glória de Cristo não é a glória de um ser ambicioso ou satisfeito com suas próprias iniciativas, nem a glória de um guerreiro que derrotou os inimigos com a força das armas, é a glória do amor, a glória do ter amado até o fim, de ter restabelecido a comunhão entre nós pecadores e seu Pai".

"Portanto, Cristo é com o Pai, Senhor do céu e da terra. Cristo glorificado tem o poder de por fim à velha criação, porque inaugurou a nova criação por meio de sua Ressurreição", concluiu o cardeal.

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