De volta a Roma

Em encontro com o Papa, Cardeal conta experiência no Iraque

Cardeal Fernando Filoni, enviado especial de Francisco ao Iraque, relatou ao Papa o que viu no país

Da Redação, com Rádio Vaticano

Cardeal Filoni conta ao Papa a situação que presenciou no Iraque / Foto: L'Osservatore Romano/Rádio Vaticano

Cardeal Filoni conta ao Papa a situação que presenciou no Iraque / Foto: L’Osservatore Romano/Rádio Vaticano

Papa Francisco recebeu em audiência nesta quinta-feira, 21, o Cardeal Fernando Filoni, seu enviado especial ao Iraque. O purpurado chegou à Roma nesta quarta-feira, 20, após um período de estadia em solo iraquiano manifestando a proximidade do Santo Padre e de toda a Igreja aos que sofrem com as perseguições.

“O Papa quis me receber logo que voltei – isso mostra sua sensibilidade – para saber diretamente de mim aquilo que vi, aquilo que ouvi depois de ter visitado os nossos cristãos, os yazidis, nesta semana que estive no Iraque. Também estava muito atento. O Papa preferiu escutar, deixou-me falar amplamente e obviamente guardou no coração todas as situações das quais lhe falei”.

O Cardeal fez um breve panorama do que viu no país, falando das expectativas e preocupações dos cristãos e do povo que está sofrendo. Fala-se em cerca de 120 a 130 mil desabrigados, estatísticas que o Cardeal pôde ver de perto, olhando para a face das pessoas.

“As imagens certamente mais vivas são aquelas relativas às pessoas que perderam tudo, mas direi mais: quem perdeu tudo, mas teve a vida salva e não teve danos com relação a parentes e amigos – pode-se dizer – já é um sortudo. Mas quando se encontram homens, mulheres, crianças, idosos…naturalmente isso é angustiante. Seus rostos eram de pessoas que olham para o vazio, dispersos em um futuro que não tem como ser compreensível.

Carta do Papa ao presidente

Entre as atividades do religioso no país, esteve um encontro com o presidente do Iraque, Fuad Masum, na terça-feira, 19, em Bagdá. Na ocasião, ele entregou ao presidente uma carta escrita por Francisco.

“O encontro foi muito cordial. Eu estava acompanhado pelo Patriarca caldeu, o Patriarca Sako, pelo Núncio Apostólico e por Dom Warduni. Entreguei a carta, à qual o Presidente responderá; contei a ele um pouco sobre a experiência destes dias e sublinhei que a minha visita não era política, mas era uma visita humanitária por desejo do Santo Padre e é por esta razão que fui antes de tudo a Erbil, onde a situação no Curdistão é ainda muito séria e grave, e posteriormente a Bagdá onde, teria este encontro”.

O Cardeal diz que a necessidade de paz está no coração, na mente e na ação pastoral do Papa, de forma que o Pontífice não poupa possibilidades de interferir tendo em vista uma situação tão grave.

Cardeal Filoni também comentou o que o Papa Francisco disse aos jornalistas no voo de retorno da Coreia – que deter o injusto agressor é lícito. Ele disse acreditar que o Papa não fez outra coisa senão expressar o pedido de todos os refugidos que querem retomar sua vida, sua dignidade.

“Nós não podemos nunca ser favoráveis às guerras, porém existem conflitos onde defender os mais pobres – pensemos que os nossos cristãos não tinham armas, os yazidis não tinham armas – foram expulsos das suas terras, violentados na sua dignidade, roubados das suas famílias…Portanto, podemos permanecer indiferentes?”.

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