Santa Sé reitera pedido por um mundo sem armas nucleares e aponta opções para a segurança nuclear internacional
Da redação, com Rádio Vaticano
Tradução: André Cunha
“Uma ética de responsabilidade para a segurança nuclear”. Este foi o tema tratado pelo Subsecretário para as Relações Internacionais da Santa Sé, Monsenhor Antoine Camilleri, durante a Conferência Internacional sobre Segurança Nuclear, realizada pelo Organismo Internacional de Energia Atômica (OIEA), que acontece na Áustria, desde essa segunda-feira, 5, até o próximo dia 9.
O bispo recordou que o Papa Francisco em seu discurso na Assembleia Geral das Nações Unidas, em setembro de 2015, havia exortado a comunidade internacional a “empenhar-se por um mundo sem armas nucleares, aplicando plenamente o Tratado de proliferação, em letra e em espírito, no sentido de uma total proibição destes instrumentos”. Segundo seu representante, a Santa Sé participa de bom grado desta conferência para prestar seu apoio à promoção da segurança nuclear.
“A promoção da segurança nuclear é de grande importância para a Santa Sé. Por um lado, a segurança nuclear favorece a paz e a segurança, contribuindo com o fortalecimento do regime de não proliferação e o processo tão necessário de desarmamento nuclear. Por outro lado, a segurança nuclear está estreitamente vinculada à proteção nuclear e a uma ‘cultura de segurança’ mais ampla; promove o desenvolvimento social e científico através da aplicação da tecnologia nuclear com fins pacíficos, com o objetivo de fomentar o desenvolvimento sustentável, melhorando a agricultura, a gestão da água e garantindo a nutrição e a segurança alimentar, o controle das doenças contagiosas e o compromisso para combater o câncer”.
Monsenhor Camilleri enumerou também os notáveis progressos alcançados no âmbito do reforço à segurança alimentar, como a Resolução 1540 do Conselho de Segurança das Nações Unidas, as conferências sobre segurança nuclear, a Convenção sobre Terrorismo Nuclear e os Códigos de Conduta da OIEA para a Segurança e a proteção das fontes radioativas e para os reatores de investigação.
“A própria existência e as atividades profissionais do Organismo Internacional de Energia Atômica são aspectos fundamentais do compromisso para garantir a segurança nuclear, e a Santa Sé aproveita esta oportunidade para agradecer ao Diretor Geral e a todo o pessoal pelos esforços neste sentido”, disse.
Mas ao mesmo tempo, o monsenhor afirmou que, apesar dos avanços, a comunidade internacional não pode dar-se por satisfeita, visto que a promoção da segurança nuclear deve seguir fazendo frente aos desafios importantes, melhorando os esforços até então limitados, insuficientes e muitos vezes atrasados, e avançar no trabalho por um mundo livre de armas nucleares.
“Portanto, para responder adequadamente aos desafios da segurança nuclear, a Santa Sé considera que é essencial que a comunidade internacional abrace uma ética da responsabilidade, com o fim de fomentar um clima de confiança e de reforçar a segurança através do diálogo multilateral”, destacou.
O Subsecretário para as Relações Internacionais citou, neste contexto, os âmbitos particularmente importantes para a Santa Sé: a proteção física dos materiais nucleares e o contraste das ameaças internas e a prevenção de ataques cibernéticos aos dados e estruturas sensíveis.
Em relação à primeira, salientou que era necessário seguir considerando prioritário que o material nuclear e outros materiais radioativos sejam guardados de forma segura, porque a falta de controle dos mesmos poderia ter consequências catastróficas. Sobre o segundo ponto, reiterou a importância dos esforços para incrementar o nível de segurança dos dados e dos organizadores, igualmente as informações relevantes sobre a segurança nuclear.
Ao final, Monsenhor Camilleri precisou que a Santa Sé deseja afirmar que é inútil fazer-se ilusões sobre a gravidade dos desafios que enfrenta a comunidade internacional. “Porém, é precisamente devido a estes desafios relacionados com a segurança nuclear, que a Santa Sé deseja reiterar seu apoio à OIEA ao tentar desempenhar de uma maneira cada vez mais eficaz, seu papel indispensável em defesa da segurança nuclear, no contexto de um compromisso mais amplo para fortalecer à cooperação para a segurança”.
O Monsenhor terminou citando as palavras do Santo Padre em sua mensagem na Conferência de Viena em 2014: “A segurança do nosso futuro depende de que se garanta a segurança pacífica dos demais, visto que sem a paz, a segurança e a estabilidade não se fundam no plano global, não se gozarão em absoluto”.