Durante abertura da Assembleia da Comissão Católica Internacional para as Migrações, Cardeal Parolin pediu mudança de atitude
Da redação, com Boletim da Santa Sé
Abandonar a cultura da rejeição, do preconceito e do medo no acolhimento de migrantes, este foi o pedido do Secretário de Estado do Vaticano, Cardeal Pietro Parolin, durante a abertura da Assembleia Plenária da Comissão Católica Internacional para as Migrações, iniciada na manhã desta terça-feira, 6. A Comissão Católica Internacional para as Migrações (ICMC), surgiu durante a Segunda Guerra Mundial e conta com representantes episcopais de diversas nações.
“O principal objetivo da Comissão é promover a aplicação dos princípios cristãos sobre migração e políticas em relação às populações e ter esses princípios adotados por organizações internacionais, tanto governamentais como não governamentais, particularmente a favor da proteção de família”, relatou o cardeal.
De acordo com Parolin, a ICMC possui uma experiência concreta de diálogo com governos, sociedade civil, instituições humanitárias e de segurança, organizações católicas e outras denominações cristãs. Esta postura – que gerou a publicação de pesquisas e guias sobre migração com importantes instituições internacionais (UE e Conselho da Europa, IOM, ACNUR) – deve ser continuada e ampliada, segundo o cardeal.
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A Assembleia é vista pelo secretário de Estad como uma oportunidade da ICMC rever o caminho percorrido e se atentar às novas realidades enfrentadas por migrantes e refugiados, como a procura por segurança e uma vida digna. Diante da necessidade de melhorias, Parolin apontou dimensões e realidades a serem discutidas pela Igreja, são elas: a fragmentação das famílias – quando um membro da família migra sozinho para auxiliar o restante que permanece em sua pátria —, e a recusa de aceitação – visão da migração apenas como uma emergência, ou um perigo, mesmo após se tornar um elemento da sociedade atual -.
Durante seu discurso de abertura, o cardeal recordou as palavras do Papa Francisco para o Dia Mundial dos Migrantes e Refugiados de 2014. “Francisco nos lembra que é necessária uma mudança de atitude em relação a migrantes e refugiados; a transição de uma atitude de defesa e medo, de desinteresse ou marginalização — que, no final, corresponde precisamente à ‘cultura do lixo’ – a uma atitude que tem em sua base a ‘cultura do encontro’, a única capaz para construir um mundo mais justo e fraterno, um mundo melhor”.
O cardeal reforçou o difícil e urgente compromisso da ICMC e da Igreja em trabalhar para uma mudança de atitude, e a realizar o abandono da cultura de rejeição. “Um trabalho de informação e conscientização em que sua Comissão pode ajudar a Igreja Católica a dissipar muitos preconceitos e medos infundados em relação à acolhimento de estrangeiros e — sem esconder o compromisso que a recepção exige em muitos aspectos — espalhar uma percepção positiva e equilibrada de migração”, comentou.
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“A migração está na agenda de cada reunião que tenho com as autoridades governamentais que chegam ao Vaticano ou que vou visitar. Muitas vezes, recebo deles a apreciação e também a gratidão pela contribuição que a Igreja Católica, também através das organizações inspiradas por seus princípios, oferece em seus países, para permitir, como o Papa Francisco nos convida, a acolher, proteger , promover e integrar, com um senso de responsabilidade e de humanidade, esses irmãos e irmãs migrantes e refugiados”, reforçou.
Ao final de sua mensagem de abertura, o secretário de Estado convidou a ICMC a um período de renovação e acolhimento de novos integrantes. Segundo Parolin, a Assembleia da ICMC é importante, entre outras coisas, para a preparação do Pacto Global sobre migração e a Conferência de Marraquexe — que acontecerá entre 10 e 11 de dezembro de 2018 —. A Assembleia Plenária da Comissão Católica Internacional para as Migrações terá seu fim nesta quinta-feira, 8.