Pronunciamento do arcebispo de Palmas (TO), Dom Alberto Taveira Corrêa,
na sessão conclusiva da Conferência de Aparecida (SP), nesta quinta-feira, dia 31.
Sou Dom Alberto Taveira Corrêa, Arcebispo de Palmas, nesta terra de Santa Cruz. Minha Igreja, a Arquidiocese de Palmas, completa hoje onze anos de sua instalação e de minha posse. Justamente hoje me é pedido o serviço de contar o que foi a experiência da V Conferência Geral do Episcopado. Trata-se de contar o que vivi, quem sabe parecido com a Maria da visitação e do Magnificat. A Deus, eu já contei muitas coisas e agradeci mais ainda neste dia, pela graça de ser bispo da Igreja e para a Igreja.
Nós, os Bispos brasileiros aqui presentes, passamos juntos estes 31 dias do mês de maio, começando com nossa Assembléia Geral, depois a visita do Papa e a V Conferência. Foi um tempo de escola, escola de Comunhão.
Quando cheguei, trazia no coração as experiências das Conferências anteriores. De Medellin, o sopro de renovação para minha formação seminarística. De Puebla, especialmente o desejo de aplicar suas conclusões no Seminário, onde trabalhava, sonho compartilhado com muitos irmãos bispos, de vários países e aqui presentes, antes formadores em nossos Seminários. De Santo Domingo, o impulso para a nova Evangelização, no início do episcopado. Agora Aparecida, no meu país, visita do Papa, junto de Nossa Senhora, clima de Cenáculo.
Quando no primeiro dia um jovem da lanchonete me repetiu a frase, tão conhecida em Aparecida como verdadeira e original – "acolher bem é também evangelizar" – vi que a casa estava feita. Aqui foi Nazaré, Belém, Casa de Isabel e Zacarias nas montanhas de Judá, Tepeyac, enfim, Aparecida.
Como vivi estes dias da V Conferência? Sou originário do Estado de Minas Gerais e, dos mineiros se diz que são desconfiados, que sondam primeiro para ver onde estão pisando! Assim queria viver, mas outros fatores me fizeram sair de mim mesmo. É que cheguei a Aparecida sustentado por muitos irmãos e irmãs que rezavam por nós e rezavam por mim. Encontrei logo algumas pessoas com as quais fiz um pacto de doação de vida. Eram gente que não tem medo nem vergonha de se comunicarem reciprocamente o desejo de amar a Deus e amar os irmãos.
E deu certo, pois não era só a valiosa oração de tantas pessoas que me sustentavam, mas a certeza da presença de Jesus entre aqueles que se amam. Dali para frente, as reuniões plenárias, os grupos, comissões e subcomissões ganharam novo sentido, pois se transformaram em passos para construir o ambiente necessário ao novo Pentecostes que todos experimentamos.
Encontrei aqui a beleza da diferença: raças, culturas, língua, nacionalidade, Igrejas e Comunidades Eclesiais, tudo posto a serviço da causa do Evangelho. O que vivemos é um verdadeiro milagre, a superação de Babel no Pentecostes. Ter nas mãos o texto do Documento final, com tamanha riqueza, fecundada pela Eucaristia e pela oração, ver tantas pessoas dando à Igreja o melhor de si mesmas, oferecendo seus dons, palavras e inteligência, foi contemplar a ação do Espírito, suave e forte, passando pelo mistério da liberdade de cada um de nós, para realizar a sua obra.
Levo para casa o desejo de ser mais fiel como discípulo e missionário, assim como a responsabilidade de comunicar as riquezas aqui experimentadas como presente de Deus, através de cada uma das pessoas. Confesso-me temeroso, pois assumimos muitos e grandes desafios. Para assumi-los, o Espírito nos conceda a audácia dos mártires.
Desejo que no coração de cada uma das Nações aqui representadas, nas respectivas Igrejas Particulares, como no ventre das duas mães da festa de hoje, exultem de alegria Jesus e João. Jesus, Verbo eterno encarnado, enviado, missionário do Pai. João, o que deve diminuir e para que cresça Jesus. E nós, discípulos e missionários nesta hora da Igreja tão provocante e atraente, possamos juntos proclamar que "Deus visitou seu povo" e cantar o Magnificat.