Srªs. e Srs. Senadores, Sr. Presidente,
Venho a esta tribuna para prestar um ato de homenagem e de agradecimento.
Alegra-me muito perceber que em nosso imenso país existem instituições, obras e pessoas que, sendo muito ou pouco conhecidas, enobrecem e enchem de orgulho a nossa nação. No último mês de dezembro tive o privilégio de conhecer um Grupo Religioso Católico que vem, gradativamente, nos últimos 30 anos, transformando a família e a sociedade brasileiras com seu trabalho de resgate e reconstrução de valores que são fundamentais para o desenvolvimento saudável de um povo.
Ouvi falar da Canção Nova, pela primeira vez, através do Juiz da Infância e Juventude de minha amada João Pessoa, o Diácono Fabiano. O Diácono Fabiano é um líder religioso fundador da Comunidade Maná que reúne uma verdadeira multidão, todas as quintas feiras, que de joelhos adora Jesus presente na Eucaristia. Sou testemunha do bem que Jesus realiza por meio da Comunidade Maná, obra que tenho a alegria de freqüentar ao lado de minha esposa, Lauremilia Lucena. Aliás, quero registrar, em instantes mais marcantes de minha vida, foi ali que encontrei a face misericordiosa de Jesus Cristo.
Um dia, portanto, o diácono Fabiano, como dirigente espiritual relatou-me sobre a importância da Comunidade Canção Nova para o nosso povo. Ele falou para mim, -como servo de Deus que procuro ser e como homem público que sou,- para que eu conhecesse a Canção Nova, por se tratar de uma obra de Deus e diante de toda importância que essa associação religiosa tem feito ao povo brasileiro. Convidou-me a conhecê-la para que eu pudesse ter uma exata compreensão do que ele me relatava.
Ao ser convidado para a cerimônia de ordenação sacerdotal de três jovens – dentre eles, Padre Bruno Costa – no dia 16 de dezembro último, conheci a Comunidade Católica Canção Nova em sua sede, Cachoeira Paulista – SP. Impressionaram-me não apenas sua estrutura física com tantos prédios e rincões com capacidade para receber dezenas de milhares em seus eventos de evangelização, mas, sobretudo a atmosfera que ali se vive. Não poderia deixar de exaltar a pessoa do Monsenhor Jonas Abib, o grande responsável por essa obra. Homem de fé carismática e, por isso, de admirável simpatia e humildade.
A Comunidade Católica Canção Nova, dirigida pelo Monsenhor Jonas Abib, no último dia 02 de fevereiro, completou 30 anos de existência reconhecida pela Igreja Católica. Hoje, sinto-me no dever, em nome desta casa, de prestar-lhe justa homenagem e reconhecimento por tudo que representa para o nosso país e por representá-lo tão bem em outras partes do mundo através dos seus veículos de comunicação.
Cito aqui Senhor presidente, Srªs. e Srs. Senadores, o que é a Canção Nova hoje para o nosso país e os inúmeros benefícios que traz ao povo brasileiro:
Nascida em 1978, a Comunidade Canção Nova passou a utilizar-se dos meios de Comunicação, para evangelizar, a partir de 1980. Hoje, conta com um sistema de rádio e televisão de longo alcance e estende-se a outros países como Portugal, Itália, Israel, Estados Unidos e França, parte da África e na Ásia. Isso a torna o maior sistema de comunicação católica do Mundo.
No Brasil, além de possuir várias emissoras de rádio espalhadas pelas nossas cidades, a Canção Nova é mais conhecida por causa de sua Rede de Televisão. São cinco geradoras e mais de quinhentas retransmissoras que chegam a centenas de municípios. Todavia, a TV Canção Nova pode ser vista em todo o território nacional pelas parabólicas, TVs por assinatura e operadoras de TVs a Cabo. Para o exterior, o sinal é via satélite. Além disso, toda a programação pode ser acompanhada em tempo real pelo portal da Canção Nova, www.cancaonova.com.
Dentre os programas de maior audiência, destaco: a “Santa Missa”, “Terço da Misericórdia”, “O Amor Vencerá” e “Sorrindo Pra Vida”. Já na Rádio Canção Nova, os programas mais populares são: “Santa Missa”, “Clube do Ouvinte”, “O Amor Vencerá”, “Clube da Amizade” e “Dai-nos a Bênção”.
Aqui faço uma pausa para falar de algo que intrigou-me e muito e que não encontrei respostas humanas. Todo este aparato, esta potência de comunicação não tem vínculo algum com anunciantes comerciais. Todos os recursos financeiros para a manutenção desta obra são provenientes de doações dos fiéis católicos que se associam à Obra. Sob este ângulo, como diz seu fundador, Monsenhor Jonas Abib, a Canção Nova é de fato um milagre de Deus, na melhor acepção teológica do termo. "Não tínhamos nada, a não ser a fé que gerou em nós uma enorme confiança. A graça foi ter acreditado sempre, sem esmorecer", conta Mons. Jonas.
Homem de profunda oração, Monsenhor sempre teve, desde os seus inícios, claros sinais da Providência de Deus em relação ao que seria a sua grande Obra. Certo dia, muito antes de ser plantada a semente da Canção Nova, ele conta em seus escritos, que encontrou no sótão do Colégio São Joaquim, em Lorena (SP), onde lecionava no início dos anos 70, um crucifixo de face desfigurada, sem braços e pernas, em meio aos entulhos. Ao pegá-lo em suas mãos, teve uma revelação ao ouvir o seguinte chamado do Senhor: "Jonas: você não quer me reconstruir? Meu coração está machucado. Seja minhas mãos, meus braços, minha boca!" Inquieto diante da visão divina, pensou: "Tenho que fazer algo." Pouco tempo depois, teria um novo sinal: Dom Antônio Afonso de Miranda, à época bispo de Lorena, o convocou a 'fazer algo' pelos 'batizados não-evangelizados católicos', dando início à grande Obra da Canção Nova. O fruto do milagre faz 30 anos.
Senhor presidente, Srªs. e Srs. O que nos une mais diretamente ao que realiza a Canção Nova, a nós parlamentares, eleitos para fazer promovermos o bem da nação, é o fruto que esta Obra produz para o nosso povo. O conteúdo que leva a TV Canção Nova, as Rádios da Canção Nova e o seu Portal de internet com mais de três milhões de acesso mensais, é seu maior diferencial.
Esse Sistema de Comunicação, por não ter vínculos comerciais tem autonomia para selecionar as informações mais apropriadas para seu público-alvo. Seus programas são totalmente voltados à formação social, educacional e religiosa exaltando os valores universais à população.
A Canção Nova, através de seus mais de mil (1.000) “consagrados” ou “missionários”, promove eventos religiosos e de formação humana em todo o Brasil, como shows, retiros, conferências temáticas, acampamentos de oração, e produz também uma linha de produtos para a formação e a educação das crianças, dos jovens, dos adultos e de toda a família. São livros, CD's, vídeos, roupas com mensagens etc.
Com suas diversas casas no Brasil e algumas no exterior, trabalha no ramo da evangelização por meio de eventos, peregrinações e da mídia católica, juntando ao redor de si também grupos de pessoas que participam de suas atividades em todos os cantos do mundo.
O público da Canção Nova é eclético, mas há um grupo que recebe atenção especial desde as suas origens: a juventude. Quantas vezes aqui nesta Casa temos procurado os caminhos para promover as justas políticas necessárias aos nossos jovens. Todos sabemos o quando é importante promovermos as oportunidades à juventude brasileira. Sobretudo porque um jovem sem estímulos, perspectivas, oportunidades, e a devida preparação para a vida é alguém sem um bom futuro.
A Canção Nova com o seu Sistema de Comunicação tem se utilizado de muitas ferramentas para orientar a juventude no caminho do bem e prepará-la para a vida. Uma dessas ferramentas é a música. Um de seus missionários, chamado Dunga, é um exemplo disso: depois de anos vivendo no mundo das drogas, o jovem, ao conhecer o trabalho da Canção Nova, transformou-se completamente e hoje é a maior referência para os jovens católicos brasileiros. Na Canção Nova existem vários outros artistas missionários que também se valem da música para evangelizar.
Monsenhor Jonas explica que sua opção pelos jovens foi na verdade uma ordem do então Bispo de Lorena (SP), Dom Antônio Afonso de Miranda, em 1978, que lhe pediu: "Faça alguma coisa pelos jovens". A resposta a esse pedido foi imediata. Juntamente com um grupo de 12 jovens, aquele padre salesiano de crença inabalável, fundou a Comunidade Canção Nova, ligada ao Movimento Carismático Católico.
Hoje eles se multiplicaram e são sacerdotes, seminaristas, leigos celibatários e casados, homens, mulheres, pais, mães e filhos de diferentes idades, profissões, origens e nacionalidades, enfim, pessoas de diversos estados de vida que convivem juntos de forma sadia, em função da missão de evangelizar através dos meios de comunicação.
Como parte do segmento Carismática Católica, a Comunidade Canção Nova tem suas semelhanças com as celebrações dos primeiros cristãos da Bíblia, principalmente no que diz respeito à ação do Espírito Santo em Pentecostes. Algumas das semelhanças principais são: as celebrações são mais exaltadas, com cânticos, clamores e louvores.
Apesar dessas características essa instituição não descuida do trabalho com as camadas mais carentes. Entre suas obras sociais estão:
• O Posto Médico Padre Pio – que realiza gratuitamente quase dez mil atendimentos mensais à população da região e visitantes em dias de peregrinação à comunidade Canção Nova. São cerca de 50 especialistas atendendo patologias como endocrinologia, pneumologia, pediatria, psicologia e odontologia, entre outros. Mais da metade desses profissionais são voluntários e atuam durante a semana no pronto-socorro, atendimento ambulatorial, odontológico e exames clínicos.
• O Instituto de Educação Canção Nova que tem por lema: “Formar homens novos para um mundo novo”. Sua filosofia entende que não basta formar alguém pra conseguir um lugar lá na vida, mas, formar homens capazes de escolher sempre pelo bem, ensinar crianças e jovens a fazerem escolhas definitivas e duradouras, deixar o que é ruim e ser uma pessoa que ocupe bem o seu lugar na sociedade.
• A Casa do Bom Samaritano é outra obra Social da Canção Nova. É uma casa que oferece dignidade ao povo da rua. Lá, centenas de pessoas são alimentadas três vezes ao dia, recebem roupas para vestir, corte de cabelo, tratamento de saúde e outras assistências. Depois são orientadas a prosseguirem suas vidas com dignidade.
Depois de toda essa explanação poderíamos nos perguntar: e para onde caminha o apostolado da Canção Nova nos dias de hoje? E daqui a 30 anos? Mons. Jonas aponta a direção: "Ao lado da juventude, a família ganhará importância cada vez maior em nosso apostolado. Nosso modelo de sadia convivência merece ser conhecido por católicos e não-católicos. Não podemos esquecer que os jovens daquele tempo hoje são pais e mães. Ou seja: temos uma rica matéria-prima para mostrar ao mundo", diz. Além de ampliar suas ações no Brasil, principalmente pela televisão, a Canção Nova pretende muito em breve aterrissar em países como Japão e China, levando a "fé, o amor, a cultura e os valores universais que o cristianismo católico observa”, como pede o Evangelho.
A melhor homenagem à Canção Nova, nesta comemoração dos seus trinta anos de serviço à Igreja e ao povo brasileiro será não apenas este discurso. Mas, encontrarmos a estrada absoluta para combater as desigualdades e discriminações, para promover o bem comum e a justiça social, através do mesmo caminho seguido por Monsenhor Jonas Abib: a semeadura da fé, do amor, da verdade, da bondade e da concórdia.
Ao longo dessa trajetória, certamente nada 'caiu do céu'. Para que a Obra se consolidasse, foi preciso pôr a mão na massa, suar, acreditar, construir. Sempre. Sem medo. Sem volta. Como costuma dizer Mons. Jonas "Ninguém aqui deve esperar Deus sentado, como os iluministas".
Portanto, concluo esta homenagem sentindo-me extremamente satisfeito e agradecido por ter aqui relatado sobre uma Obra de tamanha grandeza para o povo brasileiro e que a cada dia aumenta seu prestígio internacional o que também engrandece a nossa nação. Parabéns Monsenhor Jonas Abib pela coerência, pela fé e por fazer surgir no Brasil uma instituição de carisma tão original. Certamente não é obra somente sua, mas de todos aqueles que o acompanham e o chamam de pai. Agradeço ao Diácono Fabiano o despertar de meu interesse em conhecer a obra Canção Nova que me orgulha de ser brasileiro e de fazer parte de uma Igreja que promove o bem aos que precisam de conforto espiritual e até material.
Sr. Presidente, era o que eu tinha a dizer.
Muito obrigado.
Senador Cícero Lucena
PSDB – PB
