Leia a íntegra
Santidade,
nós, Bispos dos Regionais Norte I (Norte do Amazonas e Roraima) e Noroeste (Acre, sul do Amazonas e Rondônia) estamos aqui, nesta visita ad Limina, para renovar e fortalecer nossa comunhão com Pedro presente na Sua pessoa e missão.
Somos 18 bispos de 16 circunscrições eclesiásticas, incluídos 2 bispos auxiliares. Vivemos no coração da Amazônia Continental, que cobre uma região de mais de 2 milhões de km2.
A nossa realidade, em suas grandes linhas, Sua Santidade já conhece. Aqui me parece oportuno relembrar o que nos dizia o seu venerável predecessor João Paulo II: "Às vezes ouve-se dizer que o Papa desconhece a realidade local… Ele porém procura prestar a máxima atenção àquilo que seus irmãos bispos lhe dizem periodicamente nas visitas ad Limina" (Visita ad Limina de 2002).
Além do mais, Sua Santidade recebe nossos relatórios, agora bem minuciosos. Não podemos esquecer também as informações que Lhe chegam da Nunciatura.
Vale a pena lembrar que o saudoso Núncio Armando Lombardi, no seu curto período de tempo no Brasil, visitou pessoalmente quase todas as Dioceses e Prelazias do Brasil. E isso foi muito positivo para a caminhada da Igreja do Brasil.
A Amazônia sempre tem sido considerada colônia do resto do Brasil. Seus problemas surgem, quase todos, de fora.
Também a Igreja do Brasil só acordou para a realidade da Amazônia como parte de sua estrutura e missão há poucas décadas. As etapas principais dessa mudança foram o Concílio Vaticano II, Medellín e a reunião dos bispos da região em Santarém-PA, com suas orientações e prioridades, em 1972. Este encontro é como que a carta de identidade da Igreja da Amazônia.
O Projeto "Igrejas Irmãs", a vinda dos padres fidei donum (padres diocesanos mandados por suas Igrejas de origem) e a Comissão Episcopal para a Amazônia foram decisivos para uma profunda mudança de atitude principalmente das dioceses do Sudeste e Sul do Brasil, em relação à sua responsabilidade quanto à Amazônia.
A pobreza, o reduzido número de padres, a invasão das Igrejas Pentecostais de todo gênero são um desafio, sem contar os de natureza sócio-econômica e cultural. Só agora temos um modesto Instituto Superior na Amazônia aprovado oficialmente. Se hoje a Missão na Amazônia é difícil, o era infinitamente mais no tempo de nossos predecessores vindos de tantos países, e que prepararam o terreno para o nosso trabalho atual. Muitos deles e delas (Irmãs) seriam dignos/as da glória dos altares.
Em nome de todo o episcopado da Amazônia quero agradecer a ajuda econômica que Sua Santidade, pessoalmente, se empenhou em nos oferecer nestes últimos anos.
Agora estamos aqui totalmente abertos a sua palavras que servirão para confirmar-nos na Fé de acordo com a missão solicitada por Jesus ao Seu primeiro predecessor (Lc 22, 31-32).
Arcebispo de Porto Velho (RO)
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