Eu vos dou as boas-vindas a Roma por ocasião de vossa visita "ao limiar dos Apóstolos" e agradeço ao Bispo Arborelius pelas palavras que me dirigiu em vosso nome. Vós exerceis governo pastoral sobre os fiéis católicos no extremo norte da Europa e viajastes até aqui para expressar e renovar os laços de comunhão entre o povo de Deus naquelas terras e o Sucessor de Pedro, no coração da Igreja universal. Vosso rebanho é pequeno em número e espalhado por uma vasta área. Muitos têm que viajar grandes distâncias a fim de encontrar uma comunidade católica na qual adorar. É ainda mais importante para eles perceber que, toda a vez que se reúnem em torno do altar para o sacrifício, estão participando de um ato da Igreja universal, em comunhão com todos os seus companheiros católicos em todo o mundo. Esta comunhão é tanto exercida quanto aprofundada por meio das visitas quinquenais dos Bispos à Sé Apostólica.
Apraz-me constatar que um Congresso sobre a Família deve se realizar em Jönköping em maio deste ano. Uma das mais importantes mensagens que o povo das terras nórdicas necessita ouvir de vós é uma lembrança da centralidade da família para a vida de uma sociedade saudável. Infelizmente, os últimos anos tem visto um enfraquecimento do compromisso com a instituição do casamento e da compreensão cristã da sexualidade humana, que por tanto tempo serviu como base das relações pessoais e sociais na sociedade europeia. As crianças têm o direito de ser concebidas e transportadas dentro do útero, serem trazidas ao mundo e crescerem dentro do casamento: é através do seguro e reconhecido relacionamento de seus próprios pais que elas podem descobrir a própria identidade e alcançar o seu apropriado desenvolvimento humano (cf. Donum Vitae, 22 de Fevereiro de 1987). Em sociedades com uma nobre tradição de defender os direitos de todos os seus membros, seria de esperar aquele direito fundamental de as crianças terem a prioridade sobre qualquer suposto direito dos adultos em impor-lhes modelos alternativos de vida familiar e, certamente, sobre qualquer suposto direito ao aborto. A família é "a primeira e insubstituível educadora para a paz" (Mensagem para o Dia Mundial da Paz 2008), a mais confiável promotora de coesão social e melhor escola das virtudes da boa cidadania, o que é do interesse de todos, e especialmente dos governos, a defender e promover a vida familiar estável.
Mesmo que a população católica de vossos territórios constitua apenas uma pequena porcentagem do total, ela está, todavia, crescendo, e, ao mesmo tempo, um bom número de outras pessoas escuta com respeito e atenção o que a Igreja tem a dizer. Nas terras nórdicas, a religião tem um papel importante na formação da opinião pública e influencia decisões sobre questões relativas ao bem comum. Exorto-vos, portanto, a continuar a transmitir ao povo dos vossos respectivos países o ensinamento da Igreja sobre questões sociais e éticas, como se faz através de iniciativas como a vossa carta pastoral de 2005 "The Love of Life" ["O amor da vida"] e o próximo Congresso sobre a família. O estabelecimento do Instituto Newman, em Uppsala, é um muito bem-vindo empreendimento a este respeito, garantindo que o ensinamento católico tenha seu lugar de direito no mundo acadêmico escandinavo, enquanto também ajuda as novas gerações a adquirir uma compreensão madura e informada sobre sua fé. Dentro de vosso próprio rebanho, o cuidado pastoral das famílias e dos jovens deve prosseguir com vigor, e com especial atenção para os muitos que têm experienciado dificuldades na esteira da recente crise financeira. Deve se mostrar sensibilidade com os muitos casais em que apenas um parceiro é católico. O componente imigrante entre a população católica das terras nórdicas tem necessidades próprias, e é importante que a vossa pastoral para as famílias os inclua, com vistas a ajudá-los a se integrar na sociedade. Vossos países têm sido particularmente generosos com refugiados do Oriente Médio, muitos dos quais são cristãos das Igrejas Orientais. De vossa parte, já que é bem-vindo "o estrangeiro que peregrina convosco" (Lev 19, 34), estejam prontos a ajudar esses novos membros de vossa comunidade para aprofundar os seus conhecimentos e compreensão da fé, através de programas de catequese especial – no processo de integração com seu país de acolhimento, eles devem ser encorajados a não se distanciar dos elementos mais preciosos de sua própria cultura, em particular a sua fé.
Neste Ano Sacerdotal, peço-vos que deis particular atenção ao incentivo e apoio a vossos padres, que muitas vezes têm que trabalhar de forma isolada um do outro e em circunstâncias difíceis, a fim de levar os sacramentos para o povo de Deus. Como vós sabeis, eu propus a figura de São João Vianney a todos os sacerdotes do mundo como uma fonte de inspiração e intercessão neste ano dedicado a explorar mais profundamente o significado e o papel insubstituível dos sacerdotes na vida da Igreja. Ele gastou-se incansavelmente, a fim de ser canal da cura de Deus e graça santificante para as pessoas que ele serviu, e todos os padres são chamados a fazer o mesmo: é vossa responsabilidade, como seus Ordinários, garantir que eles estejam bem preparados para essa tarefa sagrada. Certificai-vos também de que os fiéis leigos valorizem o que os sacerdotes fazem por eles, e que eles lhes ofereçam o incentivo e o apoio espiritual, moral e material de que precisam.
Gostaria de prestar homenagem à enorme contribuição que os homens e mulheres religiosos têm dado à vida da Igreja em vossos países durante tantos anos. Os países nórdicos também são abençoados com a presença de numerosos novos movimentos eclesiais, que trazem um dinamismo novo para a missão da Igreja. Perante esta grande variedade de carismas, há muitas maneiras pelas quais os jovens podem ser atraídos para dedicar suas vidas ao serviço da Igreja através de uma vocação sacerdotal ou religiosa. Enquanto vós realizais a vossa responsabilidade de fomentar tais vocações (cf. Christus Dominus, 15), certificai-vos de destiná-la tanto para os nativos quanto para as populações imigrantes. Do coração de qualquer comunidade católica saudável, o Senhor sempre chama homens e mulheres para servi-lo deste maneira. O fato de que mais e mais de vós, Bispos das terras nórdicas, sejais originários de países em que vós servis é um sinal claro de que o Espírito Santo está no trabalho entre as comunidades católicas de lá. Rezo para que a sua inspiração continue a dar frutos entre vós e aqueles a quem tendes dedicado vossas vidas.
Com grande confiança no poder vivificante do Evangelho, empenhai vossas energias para a promoção de uma nova evangelização entre os povos de vosso territórios. Parte e parcela integrante desta tarefa é uma atenção permanente à atividade ecumênica, e apraz-me notar as numerosas tarefas em que os cristãos das terras nórdicas se unem para apresentar um testemunho unido perante o mundo.
Com esses sentimentos, recomendo todos vós e vosso povo à intercessão dos santos nórdicos, especialmente Santa Brígida, copadroeira da Europa, e de bom grado vos concedo a minha Bênção Apostólica como penhor de fortaleza e de paz no Senhor.
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