As discriminações contra as religiões são feridas abertas na sociedade de hoje, constatou Dom Brian Farrell, L.C., ao intervir em Bucareste, na sessão de abertura da Conferência dos 56 Estados da Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa (OSCE).
Em um mundo que está cada vez mais entrelaçado, o encontro de religiões e culturas se converteu em um tema de primeira importância", afirmou o secretário do Conselho Pontifício para a Promoção da Unidade dos Cristãos.
"Por este motivo, a questão das relações entre culturas, assim como da paz e do respeito das religiões, converteu-se hoje em uma consideração política e de segurança de máxima importância", acrescentou o representante da Santa Sé.
"Em última instância, é uma questão que afeta a maneira em que nos relacionamos pacificamente e a contribuição que oferecemos à educação e ao avanço do gênero humano, disse em sua intervenção, que aconteceu em 7 de junho. O anti-semitismo é uma trágica violação da dignidade humana e a Shoá é um crime que manchou a história do gênero humano, afirmou, ao referir-se mais concretamente a casos de discriminação religiosa.
A discriminação contra muçulmanos é também uma grave ofensa à sua dignidade humana e ao exercício de seu direito à liberdade de religião, constatou. Em numerosas ocasiões, o Papa Bento XVI condenou ambos fenômenos, assim como os persistentes episódios de intolerância e discriminação contra cristãos, acrescentou.
O prelado exortou a OSCE a evitar dar uma hierarquia a estas três "feridas abertas": "cada uma delas — assegurou — fere homens e mulheres, degrada sua dignidade humana e, portanto, deve ser curada com preocupação". Se os Estados da OSCE não se comprometem a adotar as medidas necessárias para garantir aos cristãos o pleno exercício de seu direito à liberdade religiosa, disse, então, paradoxalmente, estes serão discriminados em sua própria luta contra a discriminação.
"Agora, seria um erro,julgar o patrimônio de fé das três religiões monoteístas com uma mentalidade relativista, com os parâmetros precários e sempre mutáveis do equilíbrio político, ao invés de colocá-los em relação com as medidas sem tempo da verdade e do papel central da dignidade humana" advertiu Dom Farrell.
Evitando essa tentação, a OSCE poderá contribuir de uma maneira construtiva em uma autêntica aliança de civilizações, conclui.