Um querido amigo meu, o atual Arcebispo de Bologna, Cardeal Caffarra, em várias ocasiões, ressaltou que a chave principal de todo o ensinamento da Igreja sobre Maria pode ser encontrada nas seguintes palavras do Catecismo: “O que a fé católica crê, a respeito de Maria, funda-se no que crê a respeito de Cristo. Mas o que a mesma fé ensina sobre Maria esclarece, por sua vez, a sua fé em Cristo” (n. 487).
Além disso, acreditamos que Maria é justamente chamada de A Mãe de Deus porque acreditamos que Jesus, seu Filho, é verdadeiramente o Verbo eterno, a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade, o Filho unigênito do Pai encarnado para nossa salvação no ventre de uma mulher e nascido em torno de dois mil anos atrás, em uma pequena aldeia da Palestina. Já no século IV, São Efrém, o Sírio, afirmou que quem professa a sua fé na Santíssima Virgem Maria como a Mãe de Deus, ao mesmo tempo, oferece uma genuína prova de sua fé em Cristo.
A maternidade e, em consequência, a filiação, constitui um fato histórico que torna inseparáveis o filho e a mãe, Cristo e Maria. Por essa razão, entre todos os títulos que a piedade cristã atribuiu a Nossa Senhora, o maior não é outro senão o de sua maternidade divina; melhor ainda, todos os outros dons emanam desse título: cheia de graça, a imaculada concepção, a assunção no céu, e assim por diante.
Certamente, Maria é uma mãe num sentido singular, porque ela concebeu seu filho sem a intervenção de um homem. No entanto, Maria é uma mãe como qualquer outra mãe; Ela gerou o corpo de seu filho a quem Deus infundiu uma alma imortal humana, que constitui assim a natureza humana perfeita que foi assumida pela pessoa do Verbo.
Já, no ano de 431, o Concílio Ecumênico de Éfeso declarava que a maternidade divina de Maria como dogma de fé. São Cirilo, como legado papal e presidente do Concílio, explicou: "'Surpreende-me que há alguns que estão totalmente em dúvida se a Virgem santa deve ser chamada Theotokos (mãe de Deus) ou não. Se o nosso Senhor Jesus Cristo é Deus, como a Virgem santa, que lhe deu à luz, não seria Theotokos?
Mas essa é a fé que os Apóstolos transmitiram a nós, ainda que eles não tenham usado esse termo, e é a doutrina que temos aprendido com os Santos Padres".
Só porque o filho concebido por Maria é Deus, sua maternidade tem, como ensina São Tomás, "uma certa dignidade infinita" (Cf. Summa Theologiae, I 25 6 ad 4um).
Devido a essa grande dignidade, em certo sentido, há também uma participação de toda mãe nessa Maternidade. De fato, assim como o homem foi criado com Cristo na mente, da mesma forma não há nada que proíba pensar que a maneira pela qual Deus havia predestinado que a vida fosse transmitida, em outras palavras, através da concepção e desenvolvimento no ventre de uma mulher, foi predisposto para a encarnação do Verbo. Nada, portanto, confirma mais a verdade da humanidade do Filho de Deus do que o nascimento por meio de uma mulher.
Estou convencido de que o Congresso que está aqui reunido, em Roma, desenvolverá com uma abundância de reflexão, argumentação e testemunhos, a grande dignidade da maternidade. Por essa razão, e também a fim de respeitar a brevidade do tempo dado para a homilia, eu não elaborarei esses aspectos da maternidade.
Em conclusão, desejo a todos um congresso muito proveitoso, o que já está assegurado pelo nosso desejo de colocar nossas pessoas, projetos e esperanças sob a proteção da maternidade de Maria Santíssima.
Presidente da Pontifícia Academia para a Vida