Embora seus efeitos ainda não sejam totalmente conhecidos, o fechamento de fronteiras e outras restrições relacionadas à pandemia já causaram escassez de drogas, levando ao aumento de preços e à redução da pureza, destaca UNODC
Da Redação, com CNBB
Há 33 anos, o mundo celebra, no dia 26 de junho, o Dia Internacional de Combate às Drogas ou Dia Internacional contra o Abuso e Tráfico Ilícito de Drogas. A data foi definida pela Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) em 1987.
Dados do Relatório Mundial sobre Drogas 2020, divulgado nesta quinta-feira, dia 25 de junho, pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC) mostram que cerca de 269 milhões de pessoas usaram drogas no mundo em 2018 – aumento de 30% em comparação com 2009. Desse total, mais de 35 milhões de pessoas sofrem de transtornos associados ao uso de drogas, por isso a preocupação e ênfase na Semana Nacional Sobre Drogas e no Dia Internacional de Combate às Drogas.
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No Brasil, a celebração culmina com o encerramento da Semana Nacional Sobre Drogas, promovida pela Pastoral da Sobriedade, organismo vinculado à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que este ano elegeu o tema “Sobriedade, compromisso de amor” e o lema: “Amai-vos, também uns aos outros” (João 13, 34).
Por causa do isolamento social, a Pastoral da Sobriedade tem feito os encontros virtuais para continuar dando apoio aos que enfrentam o desafio do vício no álcool e outras drogas. Atualmente, a pastoral, que conta com mais de 1.400 grupos de autoajuda no Brasil, tem sido uma das respostas concretas na prevenção e recuperação. Além disso, esse serviço é uma ação missionária junto às famílias que sofrem com entes queridos viciados.
Durante a semana, a pastoral realizou algumas atividades online sobre prevenção ao uso do álcool e outras drogas. Além de campanhas com o intuito de diminuir os riscos e prejuízos que o uso abusivo dessas substâncias possa oferecer ao indivíduo e à sociedade.
A Pastoral da Sobriedade emitiu uma nota com reflexões sobre a prevenção e os males que a dependência química pode causar. O documento chama ainda a atenção para a urgência da atuação no trabalho de prevenção ao uso abusivo de álcool e outras drogas nas comunidades, fortalecendo os fatores de proteção para assim diminuir os fatores de risco do consumo.
Combate às drogas durante a pandemia
De acordo com o Relatório Mundial sobre Drogas 2020 da UNODC, a Covid-19 impactou nos mercados de drogas. “Embora seus efeitos ainda não sejam totalmente conhecidos, o fechamento de fronteiras e outras restrições relacionadas à pandemia já causaram escassez de drogas nas ruas, levando ao aumento de preços e à redução da pureza”, destaca o documento.
Nesse cenário, o documento levanta uma questão importante que o aumento do desemprego e a redução de oportunidades causados pela pandemia também podem afetar desproporcionalmente as camadas mais pobres, tornando-as mais vulneráveis ao uso e ao tráfico e cultivo de drogas para obterem sustento, aponta o relatório.
“A crise da COVID-19 e a retração econômica ameaçam agravar ainda mais os riscos das drogas, quando nossos sistemas sociais e de saúde estão à beira de um colapso e nossas sociedades estão lutando para lidar com esse problema”, aponta a diretora-executiva do UNODC, Ghada Waly.
“Precisamos que todos os governos demonstrem maior solidariedade e apoiem, principalmente, os países em desenvolvimento, no combate ao tráfico ilícito de drogas e ofereçam serviços baseados em evidências para os transtornos associados ao uso indevido de drogas e doenças relacionadas, para que possamos alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, promover a justiça e não deixar ninguém para trás”, afirmou a diretora-executiva do UNODC.
São diversos os motivos que levam uma pessoa a se envolver ao vício das drogas. A pobreza, pouca educação e marginalização social continuam sendo fatores importantes. Além disso, aponta o relatório, que os grupos vulneráveis e marginalizados também podem enfrentar barreiras para obter serviços de tratamento devido à discriminação e ao estigma.