Especialista comenta valor e importância da maternidade; Mãe ressalta: “É possível viver esta realidade e sentir-se realizada”
Da redação, com Mauriceia Silva
O Dia das Mães será celebrado neste domingo, 8. Diante da data, a empresária e criadora de conteúdo da Comunidade Shalom, Viviane Lopes Meira de Barros, ressalta que ser mãe é muito mais que uma questão biológica. É possível viver esta realidade e sentir-se realizada, indica.
A empresária, que está grávida pela sétima vez, já sofreu dois abortos espontâneos. Diante desta realidade, ela afirma que é preciso olhar a maternidade de forma realizada e não amargurada.
“Desde as mudanças no corpo, na alma e em toda a estrutura psíquica, podemos viver essa entrega numa dimensão de quem teve a vida roubada ou ofertada por amor, essas características definem muita coisa sobre a mãe que seremos e, consequentemente, as marcas que deixaremos nos filhos acerca do valor da vida.”
Vocação singular
A criadora de conteúdo da Comunidade Shalom considera a maternidade uma vocação singular no mundo. Segundo ela, é a partir do ato de gerar uma vida que as mulheres se tornam cocriadoras com Deus.
“Através do nosso corpo, psique, alma e todo o nosso ser, acolhemos a vida, uma vida que foi pensada e amada por Deus desde toda a eternidade e que só virá a este mundo pelo sim de cada mulher que se abre a este dom”, destaca.
No Brasil, 37% das mulheres não querem ter filhos, segundo uma pesquisa global realizada pela farmacêutica Bayer, com apoio da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) e do Think about Needs in Contraception (TANCO).
No mundo, o índice de mulheres que não desejam ser mães chega a 72%. Contudo, mesmo em meio à cultura crescente de mulheres que optam por não ter filhos, há mulheres que, assim como Viviane, indicam que, ao serem mães, reconheceram sua identidade em plenitude. A empresará aponta que a maternidade possui um sentido extraordinário.
Privilégio
A psicóloga Adriana Potexki sublinha que a mulher tem o grande privilégio de gerar uma vida dentro de seu próprio corpo e sentir esse bebê crescendo.
Para a especialista, toda sensibilidade que a mulher possui a torna capaz de passar afeto, amor e acolhimento para o bebê.
“O que abrange a maternidade é imensurável. (…) É, muitas vezes, proteger para que esse filho possa um dia ser livre, alimentar o corpo, mas, acima de tudo, o psíquico”, frisa.
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A capacidade de amar, de despertar os dons e ajudar o filho no autoconhecimento é outra qualidade materna, reforça Adriana.
“É saber aconselhar, mas, acima de tudo, ouvir. É estar na vida do filho sem invadir ou destruir aquilo que ele é em sua essência. É ensinar sobre a vida, sobre o sentido das pequenas coisas, e sobre a morte. É ser derretida como manteiga diante de qualquer sorriso do filho e, ao mesmo tempo, firme quando é preciso”.
Primeiro referencial de amor
Segundo a psicóloga, o privilégio da maternidade se torna missão quando se entende que a base da personalidade do ser humano se forma dentro do ventre e nos primeiros anos de vida.
Adriana explica que o primeiro referencial de amor de um ser humano é o amor de uma mãe. “Se essa relação for formada no que chamamos na psicologia de um apego seguro, essa criança se desenvolverá em sua plena capacidade de amar, de se relacionar e de crescer”.
Dom Total de Si
“A maternidade abrange tudo o que sou e tenho. Ela faz parte da minha identidade, da minha essência, e é aquilo que os ventos dos tempos não podem roubar. Não é algo que faço simplesmente, mas algo que Deus, ao me criar mulher, inscreveu no mais íntimo do meu ser”, comenta Viviane.
A empresária recorda que São João Paulo II dizia que a mulher realiza-se em um total dom de si quando se torna mãe:
“A partir disso, podemos compreender que até a constituição física do nosso corpo diz algo sobre a nossa vocação e missão: acolher, gerar, dar vida, amar com amor, formar , humanizar… São potencialidades que ultrapassam a dimensão biológica de gerar a vida em aspectos meramente biológicos.”
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A maternidade, prossegue Viviane, é um dom, é doar-se de forma plena e completa. No entanto, Adriana pondera que, nesta relação de doação, as mães não podem deixar de ser quem são. “Nos primeiros três meses, toda mãe fica um pouco perdida. A gente tem a sensação de que não conseguirá mais fazer o que fazia antes”, lembra.
A psicóloga explica que tem mães que realmente deixam de cuidar de si mesmas para cuidar do outro. “Quando eu tive meu filho, eu achei que nunca mais iria ler um livro. Tudo é possível dependendo de como eu vou ver essa maternidade.”
Missão Singular
No início de seu pontificado, o Papa Francisco destacou a harmonia que a mulher traz ao mundo e a sua íntima relação com a vida humana, que se dá quando ela concebe, gera e dá luz a uma nova vida. Para Viviane, esse pensamento traduz uma missão especial:
“Através do nosso corpo, psique, alma, todo o nosso ser, acolhemos a vida, uma vida que foi pensada e amada por Deus desde toda a eternidade e que só virá a este mundo pelo sim de cada mulher que se abre a este dom.”
A empresária ressalta que mesmo as mulheres que não possuem filhos biologicamente podem exercer a maternidade espiritual. “O dom da maternidade é inerente à mulher. Negar a maternidade é uma negação de si pelo fato de que, ainda que não sejamos mães biológicas, tivemos uma mãe, viemos de uma mãe”.
Maria, modelo perfeito
Na carta encíclica de São João Paulo II “Redemptoris Mater”, é possível ler: “A maternidade de Maria para com a Igreja é o reflexo e o prolongamento da sua maternidade para com o Filho de Deus”.
Viviane comenta que o “sim” de Maria à maternidade ajuda a restaurar a verdadeira feminilidade da mulher. “Maria é o modelo perfeito daquilo que tentamos viver apesar de nossas limitações. Nela está a plenitude da mulher, esposa, mãe e virgem consagrada e pensada por Deus”.
Em Nossa Senhora, a criadora de conteúdo da Comunidade Shalom reforça ser possível contemplar o imenso valor que Deus dá à mulher. “Sendo Deus, ele poderia ter escolhido qualquer outro meio para que a redenção entrasse no mundo, mas ele escolheu a mulher”.