Artigo - Dom Antônio Augusto

Defesa da vida é compromisso dos católicos com Deus, diz bispo

Jesus Cristo profetizou que, ao longo dos séculos, haveria que tomar cuidado com os doutores da lei (cf. Mc 12, 38), e a razão dessa sua prevenção é que os “falsos doutores” têm um gosto especial pelas primeiras cadeiras, pelos melhores lugares, pelo uso de roupas vistosas e pelos cumprimentos de setores públicos bem concretos.

O que era uma realidade social e religiosa há mais de 20 séculos – a presença de mestres da maldade – existe em alguns profissionais do mundo jurídico, médico e acadêmico da pós-modernidade. Dentro desse mundo circulam alguns “doutores da lei” que gostam de um destaque midiático, que se cobrem com as roupas vistosas do politicamente correto, que sonham com a popularidade junto a algumas minorias ideológicas, especialmente quando tratam de questões relativas à vida humana, à família fundada sobre o matrimônio entre o homem e a mulher, à sexualidade humana, aos direitos do nascituro e dos enfermos incuráveis. De uma forma singular, gostam de atacar a religião católica e a sua missão defensiva dos verdadeiros Direitos Humanos, além da sua ação positiva a favor de todos os homens e de uma cultura realmente humanitária.

Quem ainda duvida que os Direitos Humanos somente são merecedores desse título quando aplicáveis a todas as pessoas sem distinções, em quaisquer idade e circunstâncias? Quem se julga tão soberano e tão poderoso que não tenha que prestar contas a Deus, à história da humanidade e, sobretudo, não tenha que se responsabilizar pelo bem comum acima de todos os interesses particulares de grupos financeiros, políticos e ideológicos?

É impressionante constatar como, nas últimas semanas, surgiu um volume grande de decisões ministeriais, sobretudo no campo da saúde, da comunicação e do serviço social, os quais, sem a mínima base humanitária, têm como único objetivo atentar contra a dignidade da pessoa humana e contra o valor sagrado da sua vida. Nos tempos em que vivemos há um impressionante “tsunami amoral arrasador” que, invadindo a família, a cultura, os colégios, as universidades e a mídia, traz consigo ondas destruidoras dos valores humanos e cristãos sobre os quais deve alicerçar-se uma sociedade justa, pacífica e evoluída, humanamente falando.

Esses “doutores da lei” – ministros, assessores, secretários, deputados e senadores, membros de comissões etc. – sentam-se nas suas cadeiras diante de microfones e filmadoras, e com um dogmatismo fechado ao diálogo com todos os segmentos da sociedade, defendem, por exemplo, a descriminalização do aborto, da eutanásia e das drogas; dispõem-se a acolher as mulheres que “desejam fazer” – ou são pressionadas a fazer por pessoas inescrupulosas? – aborto e dizem que vão orientá-las no “uso correto e seguro?!” dos métodos de matar crianças inocentes; estabelecem normas técnicas para a criação de centros de orientação sobre o aborto em todo o Brasil; escrevem cartilhas para instruir menores de idade e adolescentes para que esses brasileiros exerçam seus “direitos sexuais reprodutivos”, isto é, aprendam a fazer sexo sem compromisso e sem valores, ao exercerem o falso e enganoso direito de ter todo prazer possível sem ter filhos, tomando cuidado e usando pílulas ou adquirindo Cytotec, substância abortiva, para matarem assim o filho concebido na relação sexual.

O compromisso que todos os leigos católicos – e não só bispos e padres – têm com Deus e com o tempo histórico no qual vivem é formado, por um lado, pela defesa corajosa da vida humana desde a sua concepção até o seu término natural, evidenciando as injustiças existentes na sociedade nesse campo. Por outro lado, de testemunhar os valores humanos sobre os quais se fundamenta a dignidade da pessoa e se favorece o bem comum de todos, objetivo supremo dos governantes, dos seus ministros, legisladores e juízes.

O que todos os católicos devem cuidar com muito esmero e com muita coragem nos dias de hoje – segundo a profecia de Cristo mencionada ao princípio – é da família, do homem e da mulher, dos nascituros, da integridade moral das crianças e dos adolescentes e, sobretudo, devem travar a necessária batalha do bem contra o mal cultivado em altos ambientes onde há gente com desejo de criar um mundo de morte. A luta do século tem um só vencedor: o Bem, à disposição de todas as pessoas.


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