Missionário no Cairo

"Debate sobre futuro do Egito começa agora", afirma padre

Nesta nova fase política, o Egito se encontra diante de uma série de reivindicações econômicas e salariais. Conforme relata o missionário comboniano no Cairo, padre Luciano Verdoscia, "há dias os ônibus estão em greve. Ontem, houve uma agressão a um motorista que queria trabalhar. As pessoas se encontram numa situação difícil, porque o transporte público é a forma mais barata para ir trabalhar".

No plano político, padre Verdoscia lembra que o Alto Conselho Militar, que governa o país desde que o presidente Mubarak renunciou ao cargo, divulgou um comunicado pedindo às pessoas para não se manifestarem, por considerarem não ser o momento certo, uma vez que o governo está se preparando para reescrever a Constituição.

"A este respeito, se abriu um debate sobre vários pontos. Por exemplo, está se discutindo sobre o artigo 2º da Constituição atual que afirma que o Egito é um país islâmico e nenhuma lei estadual pode ser contrária à lei islâmica. Levantaram-se algumas vozes de personalidades muçulmanas que reivindicam a laicidade do Estado e a igualdade de todos os cidadãos (muçulmanos e outras religiões) perante a lei. Claro que existem também aqueles que não querem mudar essa regra", acrescenta o missionário.

Padre Verdoscia disse ainda que "está tudo ainda está aberto, porque os assuntos a serem abordados não são poucos. Certamente, temos sinais de esperança, especialmente pelo modo como essa revolução aconteceu, mas temos de ver quais pessoas serão lançadas pela oposição".

Por fim, o missionário destaca que, nos últimos dias, os manifestantes que estavam na praça afirmaram que estão unidos porque o seu objetivo é mudar o sistema, isto é, fez cair Mubarak e, depois, o segundo passo seria a organização para pensar sobre o futuro do Egito. "Surgirão novas formações políticas que se enfrentarão nas futuras eleições. É claro que esperamos que tudo corra bem ", concluiu o sacerdote.

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