Especial 30 anos

Da missão ao clique: blogs da Canção Nova propagaram fé na internet

Saiba como os blogs potencializaram a evangelização da Canção Nova no digital; professor Felipe Aquino, professor Denis Duarte, Wallace Andrade e Paulo Moraes recordam suas páginas 

Julia Beck
Da Redação

Foto: Freepik.com/ Reprodução Canção Nova

Uma das marcas destes 30 anos da Canção Nova na internet foram os blogs. Universalmente, o formato nasceu da junção de “web” + “log” (diário da web) e surgiu como um tipo de diário on-line pessoal. Neste espaço digital, as pessoas compartilhavam (e algumas ainda compartilham) ideias, opiniões, notícias, reflexões ou informações sobre temas específicos. No caso da Canção Nova, o formato, assim como todos os canais de comunicação pertencentes a ela, tinha como objetivo central a evangelização.

Paulo Moraes/ Foto: Arquivo Pessoal

O professor, mentor e estrategista digital, Paulo Moraes, fez parte da equipe que indicou o blog como um espaço digital a ser “experimentado” pela comunidade. Segundo ele, o formato também era um meio de posicionar estrategicamente o conteúdo para ser encontrado no Google. “Nós saímos da Web 1.0, que era aquela mentalidade de sites estáticos, para uma mentalidade de sites que fossem encontrados pelas pessoas”, complementa.

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Inicialmente, Paulo afirma que foram feitos testes com os blogs e, quando a equipe entendeu que o formato deu certo, ele foi implantado no Portal Canção Nova. “Com 15 anos de existência, o site foi relançado baseado em ferramentas iguais aos blogs. Foi incrível porque as estatísticas de todo o Portal Canção Nova aumentaram muito e a maior fonte de acesso foram os blogs. Então podemos dizer que houve dois momentos do site: seu início, com a modelagem mais antiga, e a reestruturação a partir dos blogs, que mostraram que aquele tipo de tecnologia, aquele conceito trazia resultado”, recorda. Para Moraes, a comunicação humanizada dos blogs teve tudo a ver com a evangelização. Foi então que missionários, departamentos e setores começaram a ter um blog.

Convites para ingressar na plataforma

O professor de História da Igreja, Felipe Aquino; o especialista em Bíblia e cientista da Religião, Denis Duarte; e o jornalista, Wallace Andrade, estão entre os muitos convidados a ter um blog dentro do Portal Canção Nova. Paulo não se recorda quem foi a pessoa a ter o primeiro blog, mas cita que ensinou muitos a utilizarem a ferramenta. O professor Felipe Aquino, por exemplo, foi um dos que recebeu o estrategista digital em sua casa para receber o treinamento.

Segundo Aquino, seu blog começou em 2007, sem uma linha editorial fixa. Ele escrevia o que na época achava que era interessante. “Eu gostava muito de evangelizar não só pelos livros, mas também pelas palestras, e claro, quando surgiu a oportunidade do blog, foi uma coisa muito interessante.  Eu escrevia as matérias que às vezes eu já tinha publicado em um livro ou colocava o que escrevia no blog em alguma palestra. Recebia o feedback de pessoas que gostavam, que achavam bom”, conta.

Denis Duarte / Foto: Arquivo Pessoal

Duarte iniciou seu blog em 2006 – sendo também um dos primeiros da Canção Nova a “desbravar” o formato. Ele trabalhava no departamento de Tecnologia da Informação (TI), mas já estudava a Bíblia, foi então que o missionário e gerente do seu departamento, Jorge Aparecido da Silva, o convidou para ter um blog.

Na época, o especialista em Bíblia afirma que a publicação de um conteúdo não era tão fácil como é hoje. Além de escrever o texto no formato correto, era preciso colocar uma imagem, diagramar o texto, além de utilizar outros recursos dentro da ferramenta para tornar a publicação ainda mais atrativa. A linha editorial do seu blog era a Sagrada Escritura.

“Eu estava ainda nos meios tradicionais de divulgação de conteúdo (os livros) e a experiência do blog foi muito legal por isso, porque eu tinha o controle ali do ritmo do que eu poderia publicar (se quisesse poderia escrever todos os dias)”, sublinha. A interação no blog foi a grande “novidade” para Denis. Segundo ele, a experiência do contato direto com os leitores de forma quase que imediata “foi extraordinária”. Receber e-mails de pessoas pedindo outros textos, agradecendo, tirando dúvidas, foi um grande impacto que ele teve na época sobre o alcance da internet.

O convite para Wallace ter um blog hospedado no Portal Canção Nova aconteceu em 2010, no primeiro ano em que o jornalista integrou o Segundo Elo da Comunidade Canção Nova. Na época, ele conta que os blogs ainda eram considerados uma grande novidade, mas também um desafio.

O que começou com uma grande motivação se tornou um grande exercício editorial que ele segue se dedicando até os dias atuais, sendo o seu blog o único ativo atualmente. “Sempre gostei muito de escrever com liberdade de expressão e dando asas à imaginação. No telejornalismo essa liberdade é limitada, porque precisa caminhar aliada a imagens, o que não acontece com os artigos e crônicas que desenvolvo em meu blog”, destaca.

Referência

Paulo também teve um blog dentro do Portal Canção Nova, que tinha como nome “Office Web”. “Foi um dos primeiros a serem criados (…). Tudo que eu aprendi em tecnologia eu escrevia ali no blog. Esse canal do blog ficou tão expressivo que nós começamos a ser referência e participantes de premiações. O meu blog, por exemplo, foi por três anos consecutivos eleito como melhor blog de tecnologia do Brasil”, revela.

Depois outros vários canais da Canção Nova foram premiados como referência, de acordo com Moraes. Segundo ele, esta foi uma forma de apresentar a Canção Nova para o mundo, também a partir dos blogs. O estrategista digital reitera que a Canção Nova sempre esteve “à frente” em todos os meios que tocou: na rádio, na TV, e, na internet, não foi diferente.

Jorge, era quem apresentava as ideias de ferramentas a serem exploradas pela Canção Nova, enquanto Paulo pensava como aplicá-las de forma que elas pudessem somar com a missão da comunidade. A implantação das novidades era realizada pela equipe de tecnologia.

Novas ferramentas

Professor Felipe Aquino /Foto: Bruno Marques

A experiência com o blog, segundo o Professor Felipe Aqui, mostrou para muitos que era possível evangelizar sem precisar “sair de casa”. “Atingíamos muita gente, e isso é uma coisa maravilhosa (…). Eu penso que foi uma porta aberta para a evangelização na internet, tanto que eu continuo, até hoje, produzindo conteúdo para a internet, muito mais até do que eu fazia quando alimentava meu blog”, pontua Aquino.

Ao refletir sobre os 15 anos em que escreve para o seu blog, Wallace pontua para além das mudanças e inovações de ferramentas que foram surgindo, o comportamento dos leitores ao longo dos anos. Textos longos, com linguagens mais complexas foram ficando desinteressantes, enquanto os textos curtos passaram a imperar.  

“Eu também precisei me reinventar para continuar motivado a escrever, sabendo que o espaço hoje é um refúgio onde descrevo histórias reais do cotidiano de forma leve e reflexiva. Eu tento ser o mais sucinto possível para que o leitor não desanime no meio do texto e o abandone. A geração que chega hoje ao convívio literário, tem exercitado uma prática altamente resumida e reticente. Com poucas palavras, e às vezes sem formar uma frase inteira, ela entende o recado e já parte para outro tipo de informação”, observa.

O jornalista se define como alguém incapaz de se “encarcerar” numa forma única de texto. Ele revela que no seu blog há de tudo um pouco – desde textos dedicados à música, até um espaço com fotos de pássaros, histórias de pessoas que ele e amou e “se foram”, ou textos sobre situações que ele presenciou na rua e chamam a atenção.

Wallace Andrade /Foto: Daniel Xavier

“Em 100% dos artigos ou crônicas, eu preciso exalar sentimento. Eu preciso primeiro sentir a vida, o drama e até a dor do outro, para compor as frases e demonstrar o que essa experiência gerou. Essa arte de escrever com liberdade de expressão é o que me encanta”, explica. Prosseguir publicando textos na ferramenta pode até causar estranheza para muitos, mas Andrade afirma ver o local como vê uma prateleira de uma biblioteca: cheia de “boas e tradicionais literaturas”.

A frequência na escrita foi um grande desafio para Denis, que viu nesta empreitada uma oportunidade de ensinar muitas pessoas que desejavam aprender constantemente sobre a Bíblia. “Essa experiência com os blogs ensina sobre o modo como a Igreja pode e deve evangelizar na internet”, disse. As pessoas que utilizam a internet há anos, prossegue Duarte, viram como, com pouco recurso, foi possível tocar a vida de muitas pessoas. “Hoje, com as muitas evoluções as possibilidades se tornam ainda maiores”, acrescenta.

A internet, os celulares e os recursos não suportavam a transmissão do vídeo, por isso, o especialista em Bíblia sublinha que no início da internet o texto era o principal recurso de comunicação. “Do texto fomos para o áudio – quando surgiram os podcasts colocados dentro dos blogs, depois a foto e na sequência o vídeo. Foi acontecendo uma transição de acordo com a tecnologia (…), um avanço específico das redes sociais – principais ferramentas utilizadas hoje”.

30 anos da Canção Nova na internet

Fazer parte da história dos 30 anos da Canção Nova é significativo para Paulo. “É importante saber que posso ser um operário na Messe e que o meu conhecimento pode fazer a diferença”, frisa. Moraes foi colaborador da Fundação João Paulo II (mantenedora do Sistema Canção Nova de Comunicação) por 12 anos e destaca o quão gratificante é ser recordado, até hoje, pelo trabalho que desenvolveu.  

“É uma alegria muito grande fazer parte desses 30 anos”, disse professor Felipe. Para ele, a internet foi uma nova porta aberta para a evangelização. “Ver quantas pessoas foram atingidas, enche a gente de alegria”, disse.

Para Denis é realizador poder trabalhar como evangelizador há tantos anos em parceria com a Canção Nova, especificamente nos meios digitais. A Canção Nova, assegura o especialista em Bíblia, segue empenhada em seguir o que o seu fundador, Padre Jonas Abib, sempre ensinou: evangelizar pelos meios de comunicação. “E a internet é um maravilhoso meio de comunicação”.

“Temos uma grande responsabilidade de manter o alto nível desse trabalho, porque o povo de Deus, sobretudo o povo que colabora conosco, merece o melhor que a gente pode oferecer na evangelização, como tem sido feito ao longo desses tantos anos da Canção Nova”, afirma Duarte.

Utilizar a arte de escrever para propagar “o Amor que não passa” é algo que Wallace não imaginava fazer. “Esse é o melhor presente, o melhor salário e a maior recompensa que recebo todos os dias, permitir que Deus use minhas ações, falas e textos”, destaca. Para Andrade, a verdade é o maior e melhor combustível para todo e qualquer jornalista íntegro, honesto e que deseja ajudar os outros a entender o fio sensível de um conteúdo que pode ser esquecido, se não for atualizado e lembrado todos os dias. “Por isso sou mais feliz em ser missionário e jornalista que escreve para quem acessa a internet da Canção Nova”, comenta.

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