Há oito anos em Jerusalém, frei franciscano Francesco Patton comenta conflito entre Israel e Hamas, e pede orações pela paz e pelo silêncio das armas
Da Redação, com Vatican News
“Depois que as quatro sirenes de alarme soaram domingo de manhã, a situação em Jerusalém está completamente calma. Uma calma angustiante”, define o Custódio da Terra Santa, Francesco Patton. Em entrevista ao L’Osservatore Romano, o franciscano que está há oito anos servindo na região falou sobre o sentimento quanto ao conflito que se desencadeou em Israel.
No sábado, 7, o grupo fundamentalista islâmico Hamas atacou o território israelense, lançando mísseis contra diversas áreas do país e perpetrando-se também por terra. O governo local declarou “estado de guerra” no domingo, 8, e empreendeu uma série de ataques à região de Gaza, onde o Hamas encontra-se presente. O conflito já deixou, pelo menos, 900 mortos e cerca de 2600 feridos entre os israelenses, e 704 mortos e por volta de 4000 feridos do lado palestino.
Diante da escalada de violência, Patton afirma que “em toda parte, parece haver medo do que ainda pode acontecer”. Para o religioso, a dinâmica dos ataques deixou todos surpresos e perplexos, pois “as próprias forças armadas israelenses foram pegas de surpresa e não conseguiram prever e conter tal ataque”.
A preocupação do religioso, diferentemente das considerações estratégicas e políticas, vai em direção às pessoas atingidas por esse conflito. “Penso e rezo incessantemente com os meus frades pelo terrível número de vítimas ocorridas nestes dois dias. A maioria são vítimas civis. (…) E rezo pelos muitos reféns que agora estão presos em Gaza. Entre eles também idosos, mulheres e crianças”, expressou.
Estado de guerra
Em relação às peregrinações à Terra Santa, que são particularmente mais frequentes em outubro, o franciscano informa que muitos peregrinos já deixaram o país, e muitos outros partirão nos próximos dias, tentando antecipar seu retorno. Este aspecto também desperta a preocupação de Patton, que comenta sobre a grande porção de cristãos em Jerusalém e Belém que vivem do trabalho na indústria turística e que, talvez, terão que passar por um longo período de inatividade.
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Ele também fala sobre o fechamento das escolas e a introdução de regras ligadas ao “estado de guerra”. “É algo que fazemos com relutância, porque teria sido muito oportuno ajudar as crianças a refletirem sobre o que está acontecendo e a desenvolver com elas um pensamento de paz. Nossas escolas são um dos poucos lugares onde tentamos educar sobre a paz e a convivência nesta terra martirizada e atormentada”, analisa.
Orações pela paz
Questionado sobre uma possível articulação com outras presenças cristãs na Terra Santa, o Custódio informa que, sob a coordenação do patriarca greco-ortodoxo, Teófilo III, foi emitido um comunicado conjunto por todos os chefes das Igrejas cristãs invocando a paz e o silêncio das armas.
Por fim, Patton diz acreditar que, para ter uma visão exata destes últimos eventos, ainda será necessário esperar alguns dias. “Por enquanto, só posso convidá-los a se unirem a nós numa incessante oração para que se abra algum canal de diálogo tendo em vista, senão a paz, pelo menos o silêncio das armas e o respeito pela população civil e dos prisioneiros capturados”, conclui.