Anulação de sentença

Cristã sudanesa condenada à morte é libertada

Meriam havia sido condenada à morte em maio deste ano por apostasia e adultério, mas foi libertada ontem

Rádio Vaticano

caso merian_sudanesa

Meriam foi libertada nesta segunda-feira, 23 / Foto: Arquivo – Rádio Vaticano

Depois de meses de prisão e o terror da condenação à morte, a cristã sudanesa Meriam Ibrahim Ishag foi libertada nesta segunda-feira, 23. A Corte de Apelação do Sudão ordenou o relaxamento da prisão da mulher e anulou a anterior condenação à morte por apostasia, ou seja, não ter seguido o Islamismo para se converter ao Cristianismo.

A notícia foi recebida como uma vitória. “Ela está voltando para casa”, declarou um dos advogados dela ontem. “Estamos muito felizes por isso, é uma vitória para a liberdade religiosa no Sudão”, reforçou.

Meriam se encontra em um lugar seguro com o marido e os dois filhos, informou logo depois outro de seus advogados. Ele advertiu, porém, não ser possível divulgar o lugar onde ela está porque todos temem por sua vida. Depois da liberação, o suspiro de alívio e de satisfação de muitas pessoas em todo o mundo, que pediram a sua libertação. O Departamento de Estado dos Estados Unidos declarou satisfação com a decisão e voltou a pedir às autoridades sudanesas para abolir a lei islâmica que veta a conversão a outras religiões.

A Ministra do Exterior da Itália, Federica Mogherini, afirmou estar satisfeita com a conclusão positiva e disse que, desde o início, a Itália se empenhou muito para esta libertação.

“Foi fundamentalmente a mobilização internacional”, explicou Antonella Napoli, presidente da ONG Italians for Darfur, associação empenhada neste tema.

Histórico

Este é o final feliz de um caso iniciado em fevereiro, quando Meriam, de 27 anos, foi presa depois da denúncia de um parente. O tribunal de Khartoum a condenou à morte em maio por ter renegado a religião muçulmana do pai e por ter casado com um homem cristão. Pena capital e matrimônio anulado por violação das leis do país: uma trágica sentença no momento em que a mulher estava grávida de uma menina, Maya, nascida na prisão há menos de um mês. Meriam já tinha outro filho, de 2 anos, que ficava no cárcere junto com ela.

O caso desencadeou a indignação e a mobilização de organizações internacionais, governos e personalidades influentes. A Anistia Internacional havia definido a condenação como “repugnante e horrível.”

O Presidente do Conselho de Ministros da Itália, Matteo Renzi, e o Presidente da República, Giorgio Napolitano, se uniram no apelo para a salvação de Meriam. Italians for Darfur recolheu mais de 150 mil assinaturas em uma campanha para a libertação da mulher. A indignação foi expressa também pela União Europeia, que pediu ao governo do Sudão para revogar o veredito classificado de “desumano” e de “libertar Meriam com a máxima urgência.”

Dos apelos pela libertação da mulher, distanciou-se o irmão dela: “se não se arrepende e não se converte ao Islã, deve morrer”, disse em uma declaração.

“Agora, para ela, é melhor ir aos Estados Unidos, visto que seu irmão disse que iria matá-la no caso de anulação da sentença”, disse Safwan Abobaker, ativista do grupo Hardwired.

“O governo sudanês deve protegê-la e a embaixada americana no Sudão deve encontrar um modo de levá-la aos Estados Unidos”, completou. O marido de Meriam, Daniel Wani, é cidadão americano desde 2005.

Leia também
.: Caso Meriam: líderes religiosos pedem libertação da sudanesa

Evite nomes e testemunhos muito explícitos, pois o seu comentário pode ser visto por pessoas conhecidas.

↑ topo