COP30

A ecologia integral faz parte do caminho da fé, lembra Dom Steiner

Os cardeais Jaime Spengler e Leonardo Steiner participaram de uma coletiva de imprensa nesta quarta-feira, 12, no âmbito do simpósio da Igreja na COP30 

Thiago Coutinho
Da redação

Dom Leonardo Steiner e Dom Jaime Spengler / Fotos: Alessia Giuliani (Reuters) e Daniel Xavier (CN)

Nesta quarta-feira, 12, a Igreja Católica pôde apresentar suas propostas durante um simpósio no âmbito da Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025, a COP30. O evento contou com uma coletiva de imprensa com a participação do presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, Cardeal Jaime Spengler, e do arcebispo de Manaus e presidente da Comissão Episcopal para a Amazônia, Cardeal Leonardo Ulrich Steiner.

“É preciso anunciar o Evangelho também por meio da ecologia”, disse Dom Leonardo. O prelado falou sobre os frutos que esse evento pode gerar, especialmente para os povos originários. “Nossa grande preocupação na Amazônia tem sido a questão ecológica e os povos originários”, ressaltou.

Dom Jaime, questionado sobre o relacionamento da Igreja com as grandes lideranças políticas e empresariais, disse que é preciso valorizar o cuidado com a vida. “Creio que a partir disso, podemos dialogar com as diversas forças da sociedade. A ciência nos ajuda e coopera para iluminar aquilo que nós temos até como princípio de fé, ou seja, o cuidado e a promoção da vida em todas as suas formas”, afirmou.

Apesar da presença da CNBB e da Igreja no evento, não está prevista a publicação de um documento acerca das decisões e discussões travadas na COP30. “No entanto, recordo o documento do Sul Global proposto para nossa reflexão e que está ao alcance de todos”, adiantou Dom Jaime.

Nova comissão

Os bispos também falaram sobre o trabalho desenvolvido por pastorais, todos voltados à preservação do meio ambiente. Dom Leonardo comentou que os bispos estão para aprovar uma nova comissão pastoral que é justamente a Comissão de Ecologia Integral e Mineiração. Essa comissão, segundo o cardeal, já é muito ativa e tem procurado recolher experiências que têm sido muito ricas. 

“Essas experiências, nós vamos precisar recolhê-las para dinamizar e mudar o horizonte de leitura que temos com relação à ecologia. Estamos depredando e dominando o nosso mundo, mas em vista do lucro, ao passo que essas iniciativas visam o cuidado. O cuidado e o cultivo, como dizia Papa Francisco”, ponderou Dom Leonardo. “Toda iniciativa semeada no chão do povo de Deus sempre dá muito fruto”, emendou o bispo do Amazonas.

O empenho e dedicação dos mais simples

Dom Leonardo e Dom Jaime ecoaram a bondade e a força dos povos originários e dos “mais simples”, como classificaram. “O povo mais simples, diante das dificuldades e realidades diversas, é capaz de uma criatividade extraordinária. Ainda hoje, almoçando, falei com uma pesquisadora do sul do Maranhão que me contou sobre uma experiência para a produção de um drone. O que ela me narrava era de uma simplicidade com tal entusiasmo. Quando o povo tem a possibilidade de se expressar, é capaz de coisas incríveis”, enfatizou Dom Jaime.

“Talvez pudesse recordar que a Igreja no Brasil tem o Conselho Indigenista Missionário, que tem servido aos povos indígenas — e aprendido muito com eles”, recordou Dom Leonardo. Ele acrescentou que não se pode ficar indiferente em relação a essas realidades. “Não podemos pensar no Reino de Deus sem considerar a ecologia integral, que faz parte do caminho da fé, do caminho para viver o Evangelho. Se a Casa Comum estiver desarranjada, está desarranjado também o Reino de Deus”, finalizou.

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