A cura inexplicável de Marcílio Haddad Andrino aconteceu em dezembro de 2008, por intercessão de Madre Tereza de Calcutá
Da Redação, com Arquidiocese do Rio de Janeiro
O Papa Francisco vai proclamar a santidade de Madre Teresa de Calcutá, como um ícone da misericórdia de Deus, numa celebração que acontecerá no dia 4 de setembro de 2016, no Vaticano. A partir de então, ela poderá ser venerada de forma pública, nos altares, por todos os católicos.
A canonização será possível porque o Santo Padre reconheceu um milagre atribuído à religiosa: a cura inexplicável de Marcílio Haddad Andrino, ocorrida em dezembro de 2008. Ele se recuperou de múltiplos tumores no cérebro.
Em entrevista para Arquidiocese do Rio de Janeiro, Marcílio e sua esposa, Fernanda Nascimento Rocha Andrino, contam todo o processo que culminou com a cura do abscesso cerebral.
Marcílio tinha 34 anos de idade quando começaram a surgir os primeiros sintomas no cérebro. Tinha visão dupla, convulsão fraca, mas nenhum médico descobria ao certo qual era a doença.
Uma convulsão muito forte o fez desmaiar tendo que ser internado num hospital de Santos. Os familiares estavam com os exames na mão e um médico neurologista então conseguiu descobrir o problema: Marcílio foi diagnosticado com abscesso cerebral. A partir daí, iniciou-se o tratamento com dois antibióticos, porém um deles deu reação.
Entre abril e outubro de 2008, não houve melhoras no quadro clínico, pelo contrário, piorava cada vez mais, chegando ao ponto de não conseguir mais andar. Com lado esquerdo paralisado, ficou totalmente dependente de ajuda.
Na manhã do dia 9 de dezembro de 2008, acordou com uma forte dor de cabeça. Ele relata que essa foi a pior dor que teve até aquele momento.
Durante um momento de delírio, sua esposa contou que Marcílio pediu para as pessoas rezarem por ele. “A operação era para ser feita naquele dia, mas não aconteceu porque a anestesista não conseguiu me entubar, pois estava com secreção no pulmão, e o dreno que colocariam na minha cabeça não estava sendo autorizado pelo plano de saúde. Então, teve muita demora por conta desses problemas. No dia seguinte já não tinha dor de cabeça”, relatou.
Marcílio conta como aconteceu a cura por intercessão de Madre Teresa: “todo dia, a partir do final de outubro, a Fernanda colocava o santinho com a relíquia da Madre Teresa debaixo do travesseiro e a gente rezava toda noite. Numa das vezes, ela deixou debaixo do travesseiro e o pessoal da limpeza levou tudo. Ela retornou à paróquia e o padre deu outro santinho. Tinha também um livrinho de orações da Madre Teresa. No dia em que eu tive a dor de cabeça, a Fernanda colocou o santinho debaixo do meu travesseiro ainda no quarto, mas retirou quando me levaram para a sala de cirurgia. As enfermeiras acharam que eu fosse ficar um período na UTI, mas, como no dia seguinte eu já não sentia mais dor, me levaram a outro quarto”, contou.
Ele ainda afirmou ter sentido a cura no dia seguinte ao da dor de cabeça. “A Fernanda me contou que orou fortemente à Madre Teresa quando saiu do hospital. Quando entrei para o centro cirúrgico, ela ficou tão abalada que saiu do hospital e rezou, insistentemente, a Madre Teresa”.
Para a Fernanda, foi a intercessão da madre que curou o marido. “Tanto que no dia seguinte o meu quadro melhorou. Nenhum médico me dava esperança e como, de uma hora para outra, fiquei curado? Foi por intercessão de Madre Teresa. Ninguém sabia o que eu tinha, somente o último médico”.
Após os seis meses de fisioterapia que precisou fazer assim que saiu do hospital, Marcílio pediu que seu médico fizesse um laudo atestando que já estava apto a trabalhar. Imediatamente voltou para o Rio e começou a trabalhar.
Mesmo com sequelas depois da convulsão, como as dificuldades para enxergar, não o atrapalhava em nada, porque seu trabalho é burocrático. Fez questão de voltar ao trabalho e hoje faz um serviço totalmente intelectual. “Estou cem por cento”, afirma.
O caso veio a público quando o padre Elmiran Ferreira tomou conhecimento da cura repentina. Um depoimento por escrito em quatro folhas foi enviado para o postulador da causa, padre Brian Kolodiejchuk.
No dia 19 de junho de 2015 foi aberto o processo na Diocese de Santos e avaliaram que era válido. A partir disso, começaram as investigações. Uma comissão foi várias vezes à casa de Marcílio, inclusive o postulador. O encontro foi para recolher os exames, saber o que ele sentia. Pediram a declaração do médico, que entregou por escrito depois de muito tempo.
Marcílio e sua esposa Fernanda se preparam para ir a Roma na canonização e se dizem emocionados em saber que levarão a relíquia da Madre Teresa e entregá-la ao Papa Francisco.
“Estou muito feliz pela canonização de Madre Teresa, e acho que precisa ser mostrado para o mundo a grande santa que ela foi, e agora como santa mesmo”, declarou Marcílio.