Simpatizantes do presidente egípcio, Hosni Mubarak, abriram fogo contra manifestantes na praça Tahrir, no Cairo, nesta quinta-feira, 3, matando pelo menos cinco pessoas em um novo episódio de violência durante o inédito desafio ao governo Mubarak, que já dura 30 anos.
A oposição respondeu renovando os pedidos para que o presidente deixe o poder.
Milhares de dissidentes montaram barricadas na praça localizada na região central do Cairo, prometendo permanecer no local até a saída de Mubarak. Pela primeira vez, tropas foram enviadas para criar uma zona de segurança de 80 metros entre eles e os simpatizantes de Mubarak.
A Irmandade Muçulmana, grupo banido visto como entidade de oposição mais bem organizada, emitiu um comunicado pedindo que um governo de unidade nacional substitua Mubarak. O grupo islâmico, cuja potencial ascensão ao poder incomoda os aliados do Egito no Ocidente, tem assumido uma postura de coadjuvante nos protestos.
Durante os confrontos da madrugada, tiros ecoaram por mais de uma hora na praça, onde os manifestantes mostram sua insatisfação com a promessa de Mubarak de deixar o poder apenas em setembro.
Ao amanhecer havia calmaria. As tropas, com tanques, continuavam a observar, mas tomavam mais medidas para separar os dois grupos do que na quarta-feira, 2, num momento em que simpatizantes de Mubarak eram vistos caminhando em direção à praça com facas e porretes.
"De um jeito ou de outro, vamos derrubar Mubarak", gritavam alguns manifestantes no início da manhã. "Não vamos desistir, não vamos nos entregar."
Em comunicado à emissora Al Jazeera, a Irmandade disse: "Exigimos que esse regime seja derrubado e exigimos a formação de um governo de unidade nacional para todas as facções."