A Líbia vive instabilidades políticas e divisões desde a queda do ditador Muammar Kadafi, em 2011
Da redação, com ONU
A Organização das Nações Unidas (ONU) informou nesta segunda-feira, 23, que foram registradas 284 mortes de civis em conflitos na Líbia ao longo do ano de 2019. “Estamos preocupados pela deterioração da situação dos direitos humanos na Líbia, como o impacto do conflito em curso com os civis, os ataques contra ativistas e jornalistas, o tratamento aos migrantes e refugiados, as condições das prisões e a impunidade”, disse, em comunicado, o porta-voz do Alto Comissariado das Nações Unidas pelos Direitos Humanos, Rupert Colville.
“Em 2019, nosso escritório, junto com a missão de apoio da ONU na Líbia (UNSMIL), documentou pelo menos 284 mortes de civis e 363 feridos no conflito armado na Líbia, o que representa o aumento de mais de um quarto do número de vítimas registrado no mesmo período do ano passado”, alertou a ONU.
De acordo com as Nações Unidas, os ataques aéreos foram a principal causa das vítimas civis, com um balanço de 182 mortos e 212 feridos, seguido pelos combates em terra, explosivos, sequestros e assassinatos. “Entre janeiro e novembro, mais de 8,6 mil migrantes foram interceptados no mar pela Guarda Costeira líbia e levados para a Líbia que, obviamente, não pode ser considerado de modo algum um porto seguro para o desembarque”, ressaltou a entidade.
Nesta segunda-feira, 23, a União Europeia, através do alto representante para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, Josep Borrell, reforçou o apelo para que todos os países respeitem o embargo de armas à Líbia pedido pela ONU: “Todos os membros da comunidade internacional devem observar e respeitar o embargo de armas da ONU”.
A crise na Líbia voltou aos holofotes nas últimas semanas devido ao cerco a Trípoli mantido pelo marechal Khalifa Haftar. A Líbia vive instabilidades políticas e divisões desde a queda do ditador Muammar Kadafi, em 2011. Hoje, o país não existe enquanto Estado unitário.
Atualmente, Fayez Sarraj chefia um governo de união nacional reconhecido internacionalmente pela ONU e que controla a porção oeste da Líbia, incluindo a capital Trípoli. Já Haftar comanda um conjunto de milícias leais a um a um Parlamento paralelo estabelecido em Tobruk, no leste, que domina a maior parte do território líbio. No primeiro semestre, o marechal iniciou uma ofensiva para conquistar Trípoli, a qual diz estar tomada por “terroristas”. Crítico do Islã político, Haftar é ex-aliado de Kadafi.