O Comitê de Relações Exteriores do Senado aprovou nesta quinta-feira, 29, o ingresso da Venezuela no Mercosul apesar das preocupações dos senadores com o compromisso do presidente Hugo Chávez com a democracia.
O comitê aprovou a adesão por 12 votos a 5 e agora a proposta segue para o plenário do Senado, com previsão de votação na próxima semana. A adesão da Venezuela depende também do Parlamento paraguaio.
Estão em jogo dezenas de bilhões de dólares em comércio e investimento com o país caribenho rico em petróleo e os potenciais laços geopolíticos da Venezuela com a região.
Negar a entrada da Venezuela ao bloco poderia isolar Chávez das maiores democracias da América do Sul e empurrá-lo para mais perto de aliados distantes como Irã, Rússia e China, disseram analistas.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que viajou a Caracas nesta quinta-feira, fez campanha a favor do ingresso da Venezuela ao Mercosul, composto por Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai. Chile, Bolívia, Peru, Equador e Colômbia são membros associados do bloco.
Senadores da oposição que votaram contra a proposta afirmaram que a Venezuela não segue os princípios democráticos do Mercosul, uma vez que, para eles, Chávez não respeita direitos constitucionais de políticos oposicionistas e restringe a atividade da imprensa.
Alguns analistas dizem que a política econômica da Venezuela, que inclui a nacionalização de várias indústrias, poderia debilitar ainda mais a unidade do Mercosul e afetar acordos comerciais futuros com a União Europeia e outros grupos.
"(Chávez) está marchando para uma ditadura. Estamos antecipando a missa de sétimo dia do Mercosul", disse o senador Arthur Virgílio (PSDB-AM).
Recentemente, o Mercosul assinou um acordo comercial com Israel, alvo de ataques ferozes de Chávez, que acusa o país de cometer genocídio contra os palestinos.
O Brasil tem um superávit de cerca de 5 bilhões de dólares no comércio com a Venezuela e construtoras brasileiras participam de obras públicas que chegam a 20 bilhões de dólares no país vizinho.
"Reconheço que há problemas na Venezuela, disputas internas. Mas o remédio não é o isolamento", disse Romero Jucá (PMDB-PR), líder do governo no Senado.
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