Uma história que fala sobre fé, coragem e perseverança. Uma jovem estudante enfrentou perdas e dificuldades, mas transformou o sofrimento em força para seguir aprendendo.
Reportagem de Wallace Andrade
Imagens da Reuters
Esse é um dos raros momentos de tranquilidade de Raghad Loai Mhanna. A jovem estudante palestina viveu os dois últimos anos de incertezas e medo.
A guerra entre Hamas e Israel trouxe impedimentos nunca imaginados. “Eles tiraram quase tudo de mim. Tiraram minha casa, meus amigos, minha escola, meus professores. Eu não tinha nada além dos meus livros à minha frente”, relatou a estudante.
Raghad, mais 620.000 estudantes palestinos ficaram sem aula. As bombas destruíram 85% dos prédios escolares em Gaza. Pelo menos 30.000 alunos e professores perderam a vida ou ficaram feridos nos confrontos que começaram em outubro de 2023.
“Eu não tinha nada além dos meus livros à minha frente, então continuei tentando estudar porque era o que dava para fazer durante a guerra. A esperança era de que se eu continuasse, eu iria pra universidade”, contou ela.
Os confrontos também trouxeram responsabilidades de gente grande para a jovem Palestina. A mãe não estava em Gaza quando a guerra começou e não pôde voltar.
Raghad teve que cuidar das três irmãs menores e de todos os afazeres da tenda. “Se minha mãe estivesse presente as coisas teriam sido mais fáceis para mim, o sofrimento dos meus estudos teria sido menor. Tive que cozinhar e lavar as roupas mesmo com as mãos feridas”, expressou a jovem.
Os desafios aumentavam, um deles era a fome. “Eu estava realmente assustada, pois os ataques duravam até 24 horas. Além disso, a fome era um dos fatores que me impediam de estudar muito, falta de comida, falta de farinha e pão”, lembrou a palestina.
E a vontade de continuar os estudos também superava a barreira da falta de estrutura. “Estudar sem internet e eletricidade tornava o desafio maior para nós do ensino médio. Não tinha como pesquisar e dependia da lanterna do meu celular para estudar no escuro”, comentou a jovem.
Mas Raghad aprendeu a conjugar o verbo perseverar e hoje festeja com as irmãs a alegria de concluir os estudos. “Como estudante de 18 anos, o que mais eu poderia querer além de ser universitária? Estar na universidade, continuar meus estudos para mim não é um sonho, é um direito natural. Não há medo na próxima etapa da minha vida. Vou continuar e reencontrar minha mãe, que ainda está fora da faixa de Gaza”, concluiu Raghad.




