Os sindicatos franceses não vão desistir dos protestos contra a reforma previdenciária, embora o governo do presidente Nicolas Sarkozy tente encerrar esse assunto após meses de confronto, disse na quarta-feira, 4, o presidente da central sindical GGT, Bernard Thibault.
Ele afirmou à Reuters que a entidade irá propor uma nova jornada nacional de manifestações contra a reforma neste mês, e que os protestos serão mantidos até que Sarkozy convide os sindicatos para discutir alterações na lei, que deve ser sancionada nos próximos dias e eleva de 60 para 62 anos a idade mínima de aposentadoria.
"A despeito do que o governo pense, a questão da reforma previdenciária está longe de encerrada", disse ele na sede da CGT, na região leste de Paris. "Mesmo ao sancioná-la, os protestos vão se arrastar atrás do governo como uma bola e uma corrente durante muito tempo."
A reforma previdenciária, destinada a conter o déficit do setor, motivou os maiores protestos de toda a Europa contra as medidas de austeridade adotadas por vários governos nos últimos meses.
Greves em portos e refinarias deixaram o país quase sem combustível, e algumas manifestações descambaram para a violência. Segundo as pesquisas, dois terços dos franceses apoiam as ações dos sindicatos, que voltarão a se reunir na quinta-feira, para decidir o que fazer depois de sábado, 6, quando ocorre a oitava jornada nacional de manifestações.
Thibault disse que a CGT deseja convocar mais um dia de protestos ainda em novembro, e que Sarkozy está enganado se acha que vai deixar o assunto para trás ao fazer uma reforma ministerial neste mês.
A imprensa especula que o popular ministro da Energia, Jean-Louis Borloo, que tem boas relações com os sindicatos, pode ser promovido a primeiro-ministro, a fim de restaurar o diálogo com a sociedade.
"O movimento não terminou, será necessário muito mais do que uma simples reordenação (do gabinete), ou a nomeação dessa ou daquela pessoa", disse Thibault, acrescentando que a falta de concessões na lei previdenciária para profissões braçais, como as da construção civil, pode levar a greves localizadas nas próximas semanas e meses.
A CGT argumenta que o déficit previdenciário poderia ser resolvido com a criação de mais empregos, para que os jovens possam entrar antes na força de trabalho e que os mais velhos consigam passar mais tempo empregados.
Sob o comando do ex-comunista Thibault, a CGT trocou a postura mais militante pela de negociação. Ele e outros sindicalistas costumavam ser recebidos por Sarkozy até que o governo os excluísse das discussões da reforma previdenciária.
Ou ele aceita uma renegociação da reforma previdenciária, ou haverá uma ferida irreparável", afirmou Thibault.
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