Secretário de Estado do Vaticano apresentou sua intervenção nesta terça-feira, 19, e apresentou questões ligadas à globalização nos tempos atuais
Da Redação, com Vatican News
Nesta terça-feira, 19, o secretário de Estado do Vaticano, Cardeal Pietro Parolin, fez sua intervenção na cúpula do G20, reunida no Rio de Janeiro (RJ). Em sua fala, destacou, sobretudo, a necessidade de repensar estruturas que facilitem a cooperação internacional.
O representante vaticano já havia lido uma mensagem do Papa Francisco na segunda-feira, 18, durante o lançamento da Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza. Durante seu discurso nesta terça-feira, o cardeal voltou-se para a questão da cooperação internacional, sublinhando que a governança global deve ser concebida não apenas com base na “soberania paritária dos Estados”, mas também nos “princípios de subsidiariedade e participação paritária”.
Parolin citou a distorção presente no panorama global, marcado pelo surgimento de novas tecnologias, por uma maior interconexão e pela intensificação da globalização. Estes elementos levaram a uma “notável diminuição da influência dos Estados nacionais” e a uma “crescente influência dos setores econômicos e financeiros” que, por sua vez, se tornaram “cada vez mais transnacionais, exercendo assim maior controle sobre os processos de tomada de decisão política”.
Governança global não pode se basear em domínio e poder
Neste contexto, o cardeal apontou as dificuldades enfrentadas pelas “instituições multilaterais internacionais”, muitas delas criadas após a Segunda Guerra Mundial para responder às demandas do século XXI. Um aspecto destacado foi “o aumento exponencial do número de países independentes, que também levou a uma expansão substancial do número de membros” dessas organizações.
Assim, além da fundamental “atenção para garantir a paz e a estabilidade”, o secretário apontou que não se pode ignorar a importância de “enfrentar o surgimento de novos desafios e desenvolver mecanismos globais capazes de responder a questões ambientais, de saúde pública, culturais e sociais, bem como à inteligência artificial”.
O cardeal ressaltou ainda que isso possui uma “importância notável para consolidar o respeito aos direitos humanos fundamentais, aos direitos sociais e à proteção de nossa casa comum, confiada a nós por Deus”. Portanto, indica Parolin, “é importante não confundir multilateralismo com uma autoridade global concentrada em uma única pessoa ou em uma elite com poder excessivo”.
Além disso, qualquer “reforma da governança global deve ser construída não apenas sobre a soberania paritária dos Estados, mas também sobre os princípios de subsidiariedade e participação paritária, em vez de se basear no domínio e no poder”, conclui o secretário.