O presidente do Pontifício Conselho da Justiça e da Paz, Cardeal Renato Raffaele Martino, abriu hoje, 20, no Vaticano, o seminário internacional intitulado "A política, forma exigente de caridade", promovido pelo organismo que preside.
"Promover a consciêntização do valor da dignidade da pessoa humana é a principal contribuição que a Igreja oferece à comunidade política", disse o Cardeal Martino.
Dirigindo-se aos mais de 60 participantes, entre eles, especialistas em política, estudiosos e personalidades engajadas no social, o presidente de Justiça e Paz destacou que "na mensagem de Cristo anunciada pela Igreja, a pessoa humana pode encontrar a força para amar o próximo como a si mesmo, para lutar em favor da vida, para admitir a igualdade fundamental de todos, para combater discriminação e para superar uma ética puramente individualista".
Sobre o tema da laicidade, que por vezes é compreendida como exclusão da religião da vida pública, o Cardeal Martino expressou a convicção de que o catolicismo jamais poderá renunciar a um papel público da fé, distinguindo, no entanto, a ação que os fiéis realizam em nome próprio e o que fazem em nome da Igreja juntamente com os seus pastores. "Se a política pretende agir como se Deus não existisse, se torna árida e perde a própria consciência da dignidade humana intangível", disse.
Quanto ao tema do pluralismo democrático e dos valores indisponíveis, outro ponto candente do debate no Seminário, o presidente de Justiça e Paz reiterou que "os direitos individualista e egoistamente reivindicados, fora de um quadro de verdade, solidariedade e responsabilidade, corroem a própria democracia e introduzem elementos de fragmentação e de contraposição".
O Cardeal Martino reafirmou que uma verdadeira democracia precisa de um suplemento de alma: o valor incondicional da pessoa humana, aberta aos outros e a Deus, na verdade e no bem.
