O Cardeal Tarcísio Bertone, Secretário de Estado do Vaticano, apresentou neste sábado, 13, em Fátima a edição em Português da sua obra "L´Ultima Veggente di Fatima: I miei colloqui con Suor Lucia" – A Última Vidente de Fátima – As Minhas Conversas com a Irmã Lúcia, um trabalho editado (em Italiano, em Maio deste ano), da autoria do Cardeal Tarcisio Bertone com a colaboração do jornalista e escritor italiano Giuseppe De Carli, agora editada pela Esfera dos livros.
Tarcísio Bertone foi colaborador do Cardeal Joseph Ratzinger, agora Papa Bento XVI, na Congregação para a Doutrina da Fé. Ambos trabalharam com João Paulo II na publicação da terceira parte do segredo, o que veio a acontecer em 2000.
O braço direito de Bento XVI é um homem bem conhecido dos portugueses pela sua relação com o Santuário e, de forma especial, com a Irmã Lúcia, a cujo funeral presidiu.
O Cardeal Bertone encontrou-se por várias vezes com a Irmã Lúcia e assegura, no novo livro "A última Vidente de Fátima", que a Vidente de Fátima "confirmou a interpretação do Vaticano".
"Foi posta em dúvida a veracidade da publicação integral do terceiro segredo por ela escrito por ordem do Bispo. Pois bem, se a verdade fosse diferente poder-se-ia ver nas milhares de cartas de resposta que Lúcia, empenhada várias horas por dia no seu escritório pessoal, escrevia aos fiéis que a interpelavam de todas as partes do mundo", referiu o Cardeal italiano quando, no dia 21 de Setembro, apresentou o livro em Roma.
"Só nos anos 80 chegavam a Coimbra em média cinco mil cartas por ano, que se tornaram dezenas de milhares depois da queda do Muro de Berlim", lembrou.
Na introdução ao livro, Bento XVI escreve a respeito da revelação da última parte do segredo que "foi um tempo de luz, não só porque a mensagem pôde assim ser conhecida por todos, mas também porque era revelada a verdade no quadro confundido das interpretações e especulações do tipo apocalíptico que circulavam na Igreja, gerando perturbação entre os fiéis em vez de os convidar à oração e à penitência".
O Cardeal Bertone admitiu que Fátima foi "o mistério mais difícil" de reconhecer pela Igreja, conhecida pela sua prudência em relação a mensagens sobrenaturais. A Mensagem deixada aos três pastorinhos, indicou, "realiza uma síntese competente entre carisma e instituição".
"O livro foi escrito sobretudo com a intenção de falar da Irmã Lúcia, da sua encantadora e franca humanidade de mulher simples, que teve uma experiência totalmente extraordinária. E, através dela, de Maria", referiu no mês de Setembro, na sessão de apresentação da obra que decorreu na Universidade Urbaniana.
O Secretário de Estado do Vaticano ressaltou, em Roma, "o valor teológico da dedicação da Basílica à Santíssima Trindade", para "afirmar a presença concreta de Deus na história humana – certamente presença de juízo, mas sobretudo de salvação e de esperança".