O Pregador do Papa destaca que a cultura moderna, vivida em exagero, pode afastar o coração de Deus
Da Redação, com Rádio Vaticano
O pregador do Papa, Frei Raniero Cantalamessa, deu início nesta sexta-feira, 14, às tradicionais pregações de Quaresma no Vaticano. Na Capela Redemptoris Mater, no Palácio Apostólico, o frei destacou o caminho de ascese deste tempo litúrgico.
Segundo o pregador, durante a quaresma o cristão deve encontrar tempo para o silêncio, praticar o jejum não somente do pão, mas do bem estar e, assim, vencer o que o afasta de Deus. Para isso, Raniero afirma ser necessário olhar para si mesmo e “entrar no próprio coração”.
“Segundo Agostinho, entrar no próprio coração significa voltar-se para aquilo que há de mais íntimo e pessoal dentro de nós. E infelizmente, a interioridade é um valor em crise”, afirma. O frei destaca que esta busca é essencial para os consagrados.
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Cantalamessa aponta que as diversas formas da cultura moderna, como os instrumentos de tecnologia, revistas, livros, TV, internet e dispositivos digitais, “invadem” a intimidade do coração, gastando as energias do homem. “Este é o jejum que devemos praticar hoje. Jesus privou-se de alimento, mas nossa época requer um jejum diferente”, afirma o franciscano ao sugerir a abstinência desses meios, quando usados em excesso.
Segundo Raniero, o jejum mais significativo em nossos dias é a sobriedade, privar-se voluntariamente de pequenas ou grandes comodidades, daquilo que é inútil e muitas vezes danoso à saúde.
“Este jejum é em solidariedade com os pobres… é um modo de contestar a mentalidade consumista, em um mundo que faz da comodidade, do usar, comprar, o seu objetivo. Este mecanismo mantém o pé em todo o sistema. Privar-se de algo que não seja estritamente necessário, um objeto de luxo, é mais eficaz, talvez, que infligir a si algumas penitências”, declara.
O pregador apontou também a necessidade de romper com as palavras más, e não somente com os “palavrões”, bem como com as palavras que apontam sempre a fraqueza dos irmãos e aquelas que semeiam a discórdia.
Por fim, Raniero explicou que andar no deserto, a exemplo de Jesus que o fez por 40 dias, significa iniciar um diálogo profundo com Deus.
“Deus quis em Cristo tomar um rosto humano, um coração humano, para ajudar-nos a amá-lo como amamos a nós mesmos. O Espírito Santo que conduziu Jesus ao deserto, agora também nos impulsiona para o deserto para isso, para nos encontrarmos com Deus”.