Religiosa descreve experiência vivida com imigrantes na Itália
Da redação, com Rádio Vaticano
“Não nos esqueçamos de que este problema dos refugiados, dos migrantes hoje é a maior tragédia depois daquela da II Guerra Mundial”: foi o que disse o Papa Francisco ao final da Audiência Geral de quarta-feira, 22 de março.
A scalabriniana Irmã Rosa Maria Martins Silva tocou pessoalmente esta realidade de que fala o Papa ao visitar as comunidades das Irmãs Missionárias de São Carlos Borromeo no sul da Itália.
Atualmente, Ir. Rosinha, como é conhecida, atua no setor de comunicação da Congregação na província Nossa Senhora Aparecida, em São Paulo.
Em entrevista a Rádio Vaticano, ela descreve emocionada a experiência que viveu na Itália:
“Uma coisa é a gente ouvir falar que um barco afundou no sul da Itália, que as pessoas foram recolhidas e acolhidas, você ler num jornal, na Internet. Outra coisa é você tocar as pessoas que acabaram de desembarcar. Eu me comovo, porque na verdade, em muitos momentos eu me segurei pra não chorar perto dos imigrantes, porque são várias realidades.”
E compara a imigração da Itália com a que aconteceu no Brasil: “É muito diferente a realidade da migração no momento na Itália daquela do Brasil. Ali os migrantes sofrem, sim, pra chegar, mas nada se compara ao sofrimento dos que chegam na Itália.”
A religiosa relata que muitos vivem situações extremas até a chegada no país. Quem parte da África, ao passar pelo deserto na Líbia, muitas vezes é escravizado. Consegue trabalho, e quando vai pedir dinheiro para continuar a viagem, atiram em suas pernas, para que não consigam continuar a viagem. “Recebi o relato de um imigrante que, quando chegou na Itália, precisou ter suas duas pernas amputadas”, diz a Irmã.
Irmã Rosinha analisa a relação entre comunicação e imigração e a possibilidade de comunicar a empatia:
“Quando a gente fala disso, a gente fala também de Missão. A gente tem a missão de evangelizar. A minha fala pode ajudar muito um imigrante, o meu olhar também comunica e pode fortalecer muito esse imigrante, pois a chegada dele é um momento muito sofrido. Não dá para separar a comunicação da imigração: Eu sou chamada a ser comunicação de Deus.”
A religiosa termina contando a experiência das Irmãs, que muitas vezes cuidam desses imigrantes, como de um filho, tirando sarnas e piolhos com as próprias mãos, devolvendo-lhes a dignidade de filhos de Deus “Isso é comunicação. Comunicar o Amor de Deus.”