Educação religiosa ajudará a construir comunidades que “vivam a sua identidade no respeito pelas convicções religiosas dos outros”
Da redação, com Agência Ecclesia
O Conselho das Conferências Episcopais da Europa (CCEE) destacou nesta sexta-feira, 15, na Suíça a “educação religiosa” como receita para opor-se à “radicalização do Islã” que avança em vários países.
Em comunicado enviado à agência portuguesa Ecclesia, os bispos e delegados católicos responsáveis pelo diálogo com os muçulmanos frisam que o atual clima de crispação só poderá ser ultrapassado através da afirmação de princípios como “a liberdade religiosa e de consciência”.
De acordo com o texto, torna-se indispensável a aposta na “educação religiosa” das novas gerações, de modo a construir comunidades que “vivam a sua identidade no respeito pelas convicções religiosas dos outros”.
Reunidos desde quarta-feira, 13, na localidade suíça de Saint Maurice, os membros da COMECE destacam que “o Islã é uma religião rica na diversidade das suas tradições e doutrinas, no entanto, tal como todas as crenças, está constantemente sujeita à ameaça do radicalismo”.
No que toca aos católicos, a via do diálogo com os muçulmanos deve ser encarada como “um imperativo da fé” que não pode ser ignorado.
A mesma nota lembra os 50 anos da declaração “Nostra Aetate” (No nosso tempo), do Concílio Vaticano II, e onde a Igreja Católica reconhece os valores presentes em religiões não-cristãs.
Um documento que, na opinião dos responsáveis da COMECE, deveria estar “mais difundido e presente no meio dos católicos”.
Os bispos e delegados católicos presentes na Suíça defendem ainda a necessidade dos cristãos refletirem “profundamente acerca da sua fé e vivência religiosa”, face a desafios como o “secularismo” e o advento de “movimentos populistas” que “tanto afetam cristãos como muçulmanos”.
Durante o encontro, que terminou esta sexta-feira, 15, foram apresentadas experiências de diálogo em curso entre a Igreja Católica e o Islã em vários países, como Espanha, Suíça, Alemanha, França e Bósnia Herzegovina.
Os trabalhos na Suíça foram acompanhados, entre outros responsáveis católicos, pelo presidente do Conselho Pontifício para o Diálogo Inter-religioso, cardeal Jean-Louis Tauran; e pelo arcebispo de Bordéus e antigo presidente do CCEE, cardeal Jean Pierre Ricard.
Criado em 1971, o CCEE é composto pelas 33 conferências episcopais da Europa, representadas pelos seus presidentes, além dos arcebispos do Luxemburgo, Principado do Mónaco, Chipre dos Maronitas e o bispo de Chisinau, na Moldávia.