O presidente da Conferência Episcopal Paquistanesa, D. Lawrence Saldanha, veio a público exigir que o governo do país proteja a comunidade cristã, considerando que a insegurança chegou a níveis nunca antes vistos.
Em entrevista à Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS), o Arcebispo de Lahore defende que “nós, cristãos, somos cidadãos como todos os outros e temos os mesmos direitos”, lamentando que a comunidade internacional não levante a voz em sua defesa.
“Perturba-nos muito que os cristãos sejam ameaçados, numa tentativa de os forçar a converterem-se ao Islão. Isto é algo que nunca tinha acontecido antes”, prossegue D. Lawrence Saldanha testemunho a crescente radicalização dos fiéis muçulmanos, indicando que “eles querem introduzir uma forma mais estrita do Islão, colocando acima de tudo a sharia (lei islâmica)”. Segundo este responsável, as mulheres deixariam de poder sair de casa para trabalhar ou estudar, sendo forçadas a usar o véu.
“Há pouco tempo, fanáticos muçulmanos atacaram lojas de Islamabad, onde se vendiam vídeos que os extremistas consideravam contrários ao Islão”, assinala.
No início deste mês, no noroeste do país, cerca de 50 famílias cristãs – católicas e protestantes – receberam cartas anónimas com ameaças, exigindo a sua conversão ao Islão. Foi-lhes dado um prazo de 10 dias para decidir e, caso não se convertessem, sofreriam “consequências violentas”.
Até agora as ameaças não foram executadas, mas as pessoas vivem no medo. As comunidades cristãs de todo o país manifestaram a sua solidariedade para com estas famílias.
Segundo o Arcebispo Saldanha, a situação está a tornar-se cada vez mais delicada para os cristãos. “Todo o país está em crise, neste momento”, alerta.
Marie-Ange Siebrecht, chefe da secção da AIS que trabalha na Paquistão, esteve neste país em 2006 e pede ao mundo ocidental que ajude “os cristãos perseguidos”, que considera um exemplo de fé.
A AIS procura ajudar os 1,1 milhões de católicos no Paquistão não só através da ajuda material, mas também com os apelos mundiais pela oração e solidariedade em seu favor.