Alguns bispos americanos consideraram as medidas de Donald Trump como uma “página negra” na história dos EUA
Da redação, com Agência Ecclesia
A Comissão das Migrações dos bispos católicos dos EUA criticou a ordem executiva do presidente Donald Trump que proíbe a entrada de refugiados no país e limita o ingresso de cidadãos de sete nações.
Dom Joe S. Vásquez, bispo de Austin e presidente da Comissão das Migrações da conferência episcopal norte-americana, disse “discordar veementemente” desta solução, lamentando a proibição de entrada de refugiados sírios e questionando a prioridade dada a minorias religiosas.
“Acreditamos na assistência a todos os que estão vulneráveis e fogem da perseguição, independentemente da sua religião. Isso inclui cristãos, bem como yazidis e muçulmanos shia da Síria”, assinala.
Já o cardeal Blase Cupich, arcebispo de Chicago, manifestou-se em comunicado contra a decisão do presidente Trump, considerando-a como uma “página negra” na história dos EUA.
O patriarca iraquiano Dom Louis Sako, da Igreja Caldeia, assinalou por sua vez que qualquer política de acolhimento que discrimine aqueles que são perseguidos, com base na religião, “prejudica os cristãos do Oriente”, pois “fornece argumentos a toda propaganda e preconceitos que atacam as comunidades cristãs autóctones do Médio Oriente como ‘corpos estranhos’, grupos mantidos e defendidos pelas potências ocidentais”.
Donald Trump explicou nesse domingo, 29, que a ordem executiva tomada na sexta-feira – que proíbe a entrada de refugiados e limita a de cidadãos do Iraque, Irão, Líbia, Somália, Sudão, Síria e Iémen nos EUA – não quer ser uma medida diretamente contra os muçulmanos.
“Isto não tem a ver com religião. Tem a ver com terrorismo e com manter o nosso país seguro. Há mais de 40 países no mundo que são maioritariamente muçulmanos e que não são afetados por esta medida”, assinalou.
Pelo mundo
No resto do mundo, o decreto de Trump provocou protestos, boicotes, mal-estar diplomático e críticas de líderes mundiais.
Advogados independentes deram assistência gratuita a imigrantes muçulmanos em aeroportos norte-americanos nos últimos dias.
Empresas como Google, Starbucks e a Uber criticaram a medida e anunciaram a abertura de vagas de empregos para refugiados, além de fundos de assistência financeira.
As grandes potências europeias também se uniram contra a política imigratória de Trump. França, Itália e Alemanha, nações que recebem milhares de imigrantes e vivem uma crise de refugiados, e até o Reino Unido, cuja premier Theresa May se reuniu com Trump semana passada, demonstraram desacordo com o decreto norte-americano. “A necessária luta contra o terrorismo não justifica essa medida”, disse a chanceler alemã, Angela Merkel. “Está nos valores da Itália manter uma identidade pluralisma, uma sociedade aberta e nenhuma discriminação”, argumentou, por sua vez, o premier italiano, Paolo Gentiloni.
As Bolsas de Valores da Europa abriram a semana com queda devido aos efeitos da medida imigratória e com os temores de que o presidente norte-americano adote mais políticas protecionistas.
Em Milão, a Bolsa registrou queda de -1,5%.
Mais de um milhão de britânicos também já assinaram uma petição para proibir que Trump realize uma visita oficial a Londres, em retaliação às suas políticas.