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Bispos da Europa emitem mensagem para o “Tempo da Criação”

Celebração ecumênica anual “Tempo da Criação” começa em 1º de setembro, Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação, e encerra em 4 de outubro, dia de São Francisco de Assis, padroeiro da ecologia

Da Redação, com CCEE (Conselho das Conferências Episcopais da Europa)

Incêndio florestal na Califórnia

Bispos da Europa reforçam pedido do Papa Francisco para o cuidado com a Nossa Casa Comum / Foto: Arquivo-Reprodução Reuters

A celebração ecumênica anual “Tempo da Criação” é um momento para que todos os cristãos se unam em oração e cuidado para com nossa “casa comum”. Para a ocasião, o Papa Francisco publicou uma mensagem, publicada no dia 16 de julho, em que recordou que este tempo, inspiração originária do Patriarcado Ecumênico de Constantinopla, “é uma oportunidade para aperfeiçoarmos a nossa ‘conversão ecológica’’. Por ocasião deste período, as Conferências Episcopais de países da Europa publicaram uma mensagem, no último dia 20, unindo-se ao apelo de Francisco.

O texto, assinado pelo arcebispo metropolita de Scutari-Pult e responsável da Seção Salvaguarda da Criação do Conselho das Conferências Episcopais da Europa (CCEE), Dom Angelo Massafra, destaca o momento particular que vivemos. Ele recorda os incêndios em diversas partes do mundo, que tem devastado grande parte das áreas verdes do planeta, inclusive na Europa.

“Em particular, a nossa própria Europa foi confrontada com uma verdadeira catástrofe ambiental que, em 97% dos casos, é atribuível à ação do homem. Nos 27 países da União Europeia, segundo uma estimativa recente, os incêndios já devastaram um total de 517.881 hectares desde o início do ano, contra 470.359 no ano anterior”.

Os bispos sinalizaram também preocupação com a hipótese de estudiosos de uma transição da nossa
era “antropocêntrica” para a próxima, denominada “piro cêntrica”. A ideia recorda a antiga teoria do Sistema Pirocêntrico, que descrevia que a Terra girava em torno de uma grande bola de fogo, dado o aquecimento causado pelos altos índices de emissão de gás carbônico (CO2). 

Prejuízos causados pelas guerras

“A tudo isso, podem ser acrescentados os enormes e, talvez, ainda incalculáveis, prejuízos causados ao meio ambiente pelos conflitos, em curso na Ucrânia, como em outras regiões do planeta”. A mensagem também traz dados preocupantes de especialistas ucranianos que estimam que, a longo prazo, os efeitos podem causar câncer, doenças respiratórias e atrasos no desenvolvimento das crianças.

O texto recorda o termo “ecocídio”, criado na década de 1960, após a campanha militar no Vietnã. “Desde então, aumentou a preocupação pelos efeitos das guerras ao meio ambiente. Não devemos esquecer a forte poluição causada pelo incêndio das usinas petrolíferas no Kuwait, durante a Guerra do Golfo (1990-1991), e os conflitos bélicos no Iêmen e Síria, com a contaminação do solo e dos rios”.

“Desafios aos poderosos da terra”

A mensagem resgata o sentido na esperança na ação humana ao afirmar que “se a mão do homem for realmente a causa principal deste impasse, então é um bom presságio porque a mesma mão pode colocar um ponto final em tudo isso”.

Neste sentido, Dom Angelo Massafra ressalta que a mensagem do Santo Padre assume uma grande importância. “Não se trata de uma exortação piedosa, mas de um verdadeiro desafio lançado aos poderosos da terra e aos líderes das nações (ricas ou pobres). Trata-se de um apelo a atitudes de conversão concretas, por parte de todos os cristãos, para que sejam esta mão, capaz de deter uma destruição do mundo anunciada”.

Desta forma – destaca o pelado, o próximo Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação e o “Tempo da Criação” podem ser, de fato, um tempo de oração e ocasião oportuna para uma “séria conversão de maus costumes e atitudes”.

Cristão: porta-voz das exigências do planeta

Os bispos do continente que tem sentido na pele os desequilíbrios da natureza deixaram, por fim, um forte apelo e demonstração de unidade à mensagem do Santo Padre. “Nós, Bispos europeus, nos unimos ao apelo lançado pelo Papa Francisco, convidando todos os cristãos a ser porta-vozes dessas exigências do planeta, cuja voz revela ‘certa dissonância: por um lado, é uma doce canção, que louva o nosso amado Criador; por outro, é um grito doloroso de lamentação contra os maus-tratos humanos’”.

O texto encerra com uma oração de súplica a Deus, pedindo pela conversão das pessoas diante da obra da criação. “Que o Senhor ouça este clamor e conceda à humanidade um coração novo, capaz de mostrar compaixão por toda a criação, para que se realizem gestos concretos que permitam que todas as criaturas voltem a louvar o Criador e se unam às vozes deste ‘grande coro cósmico’ composto por inúmeras criaturas, todas cantando louvores a Deus”.

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