A migração e os migrantes são prioridades do episcopado dos EUA. Os bispos católicos estão preocupados com o tom que o debate nacional sobre a imigração está assumindo no país.
Num comunicado, o bispo Gerald R. Barnes, de São Bernardino (Califórnia), Presidente da Comissão para as Migrações da Conferência de Bispos Católicos do país, expressa sua perplexidade com a proposta de lei apresentada no Senado, em 28 de junho.
”O debate sobre a reforma da imigração gerou análises e discussões, mas também uma rígida retórica contra os imigrantes neste país, sobretudo contra aqueles que não têm um status legal”, denunciou dom Barnes.
”Fomentada pelas discussões radiofônicas e pelas organizações contra os imigrantes, esta retórica provoca medo e incompreensões entre alguns segmentos da população americana, o que cria um clima polarizado e negativo” – disse. Dom Barnes considera que o aumento das iniciativas nos âmbitos federal e local não resolverá a questão da imigração ilegal, mas fará que os imigrantes fiquem ainda mais na sombra, provocando medo em suas comunidades.
Os bispos estadunidenses reconhecem o direito do país a defender as fronteiras e a pedir o respeito das leis sobre a imigração. No entanto, declaram, a aplicação da lei deve respeitar os direitos humanos e a dignidade e reduzir ao mínimo a separação das famílias.
Na mesma linha, a Igreja Católica francesa, que disse ontem o seu “não” ao polêmico projeto de lei sobre a imigração, sobretudo no que diz respeito ao reagrupamento familiar.
“Nestes dias, em que os parlamentares são chamados a pronunciar-se mais uma vez a respeito de um projeto de lei sobre a imigração, sentimos a urgência de fazer ouvir a nossa voz” – referem os Bispos, em comunicado citado pela agência France Press.
“As medidas cada vez mais restritivas adotadas contra os imigrantes são concessões a uma opinião pública dominada pelo medo” – indicou a conferência episcopal. Os bispos criticam mais uma vez a idéia de uma ‘migração seletiva’: “os cristãos recusam a idéia de escolher entre bons e maus imigrantes, entre clandestinos e regulares” – afirmam.
Na seqüência da nota, o episcopado francês expressa preocupação com as condições cada vez mais restritivas impostas para a reunificação familiar, e felicita os parlamentares de correntes políticas diversas, tanto da Assembléia Nacional como no Senado, que se opuseram à imposição de exames genéticos para verificar os laços de família.
O texto é assinado por dom Olivier de Berranger, bispo de Saint-Denis e Presidente da Comissão episcopal pela missão universal da Igreja e por dom Claude Schockert, bispo de Belfort-Montbéliard, responsável pela pastoral para os imigrantes. (CM)