Benedict Daswa foi um homem de Deus e primeiro mártir sul-africano reconhecido pela Igreja; foi morto em 2 de fevereiro de 1990
Da redação, com Rádio Vaticano
No dia 13 de setembro, será beatificado em Tshitanini, na Diocese de Tzaneen, África do Sul, o leigo Benedict Samuel Tshimangadzo Daswa. A cerimônia de beatificação será presidida pelo Prefeito da Congregação das Causas dos Santos, Cardeal Angelo Amato.
Benedict Daswa foi um homem de dedicação, fé e integridade. Um homem de Deus, primeiro mártir sul-africano reconhecido pela Igreja, morto em 2 de fevereiro de 1990, dia em que foi anunciada, após 27 anos de prisão, a libertação de Nelson Mandela, líder sul-africano que lutou contra o apartheid.
“Daswa e Mandela foram guiados por uma visão de libertação das pessoas da escravidão. Mandela passou a sua vida buscando libertar o seu povo do jugo do apartheid. Daswa libertou-se do poder da bruxaria e do mal. Depois, ele procurou ajudar outras pessoas a viverem esta liberdade, abrindo-se a Cristo e ao Evangelho”, disse o bispo emérito de Tzaneen, Dom Hugh Slattery, que no ano 2000 deu início à causa de beatificação de Daswa.
Segundo o prelado, Daswa e Mandela são complementares, enquanto as pessoas precisam de liberdade interior e exterior para construir uma sociedade justa e saudável.
Benedict pai, professor e catequista
Daswa passou toda a sua vida em Mbahe, na Diocese de Tzaneen, onde nasceu em 16 de junho de 1946, numa família não cristã. Durante a adolescência, se uniu a um grupo de catecúmenos e aos 16 anos pediu para ser batizado, escolhendo o nome Benedict.
Tornou-se um pai amoroso de oito filhos. Trabalhou também no campo. Na sua horta, os pobres compravam sem ter dinheiro e os jovens trabalhavam para ganhar o que precisavam para pagar seus estudos.
Benedict se comprometeu muito no campo educacional: foi professor de ensino fundamental e depois diretor da escola primária local, catequista e animador da comunidade, guia e animador dos jovens durante os fins de semana e nas férias. Construiu um campo esportivo no povoado e treinou os jovens do time de futebol local.
Combate a bruxaria
Em janeiro de 1990, começaram os problemas. Uma tempestade se abateu contra a área e muitas cabanas foram incendiadas por causas de uma série de raios, que os chefes do povoado interpretaram como uma maldição, fruto de bruxaria.
Decidiu-se então consultar um curandeiro para que, com suas artes mágicas, encontrasse o responsável pela maldição e o expulsasse do povoado. O único a se opor foi Benedict, que se esforçava para explicar aos habitantes do povoado a origem natural dos raios.
Morte cruel
Visto como suspeito, foi vítima de uma emboscada feita por um grupo de agricultores que o atacou armado de pedras e paus. Benedict conseguiu fugir e se refugiar em sua casa, mas pouco depois saiu espontaneamente.
Foi espancado sem piedade, escaldado e apedrejado. Alguns contam ter ouvido ele rezar em alta voz antes de morrer. Em 22 de janeiro de 2015, o Papa Francisco autorizou a Congregação das Causas dos Santos a promulgar o decreto reconhecendo o martírio.