Monge descreve o medo dos cristãos que vivem na Síria; muitos deles querem abandonar suas próprias casas para fugir da violência extremista
Da Redação, com Rádio Vaticano
Cristãos na Síria vivem com medo e cada vez mais pensam em deixar as próprias casas ou até mesmo o país para se livrarem das ações do Estado Islâmico. O grupo extremista tomou posse na última quinta-feira, 6, de uma pequena cidade próxima a Homs e sequestrou 230 pessoas.
Monge da comunidade de Deir Musa, padre Jihad Youssef descreve a situação de vida dos cristãos após a recente invasão. “Não sabemos se o Isis (Estado Islâmico) tem a intenção de matar os reféns cristãos. Normalmente aos nossos irmãos na fé, os fundamentalistas oferecem três alternativas: pagar a jizya, converter-se ou fugir. Claramente, desta vez, a terceira opção não foi oferecida aos cristãos, de outra forma, a teriam escolhido”, explicou.
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O religioso de Deir Mar Musa – comunidade monástica fundada pelo Padre Dall’Oglio – não conhece o número dos cristãos que estão nas mãos do Estado Islâmico. Em Qaryatayn haviam permanecido cerca de 160, mas alguns deles podem ter se salvado. “Trinta dos cristãos sequestrados conseguiram fugir, pois são pastores e conhecem bem a região. Agora se encontram em Homs, onde os bispos sírio-católico e sírio-ortodoxo procuram encontrar uma solução também para os outros reféns”.
Em Qaryatayn, a comunidade Deir Mar Musa tem o Mosteiro de Mar Elia, onde vivia o Padre Jacques Mourad, sequestrado em 21 de maio passado junto ao Diácono Boutros Hanna Dekermenjian. “Em São Elias, permaneceram alguns colaboradores, mas já há algum tempo não temos notícias deles. Não sabemos nem mesmo se o mosteiro foi ocupado pelo Isis”.
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Nenhuma novidade também sobre padre Jacques, apesar das numerosas tentativas de sua comunidade de contatá-lo. Padre Jihad espera que seu confrade e o diácono possam ser incluídos nas eventuais tratativas pela libertação dos cristãos sequestrados na última semana.
Segundo o monge de Deir Mar Musa, padre Jacques foi sequestrado devido ao seu trabalho na promoção do diálogo inter-religioso. “Por muito anos, construiu pontes entre as comunidades islâmica e cristã e no Mosteiro de São Elias acolheu mais de 50 famílias muçulmanas, com mais de 100 crianças”.