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Artigo Frei Moser

Atenção com os candidatos maquiados

Estamos em época de eleições. Inúmeros candidatos cairão fora com o primeiro turno. Mas, assim mesmo, marcarão presença. Até aqui nada de mal. Também estamos na época do photoshop, ou seja: certos programas de computação conseguem transformar uma pessoa já marcada pelo tempo em uma pessoa jovial; uma pessoa feia em uma pessoa atraente. Nada de mal nisto. Afinal, todos cuidamos da nossa aparência, sabendo que ela conta muito para nós encontrarmos um lugar ao sol.

O problema não está ali, portanto. Encontra-se em duas direções: uma mais inocente e outra mais preocupante. A mais inocente diz respeito simplesmente às aparências físicas. Disfarce das aparências físicas não passa de um pecadinho. O disfarce se torna mais preocupante quando alguém já não se contenta simplesmente com o rosto, mas busca meios para se turbinar dos pés à cabeça. Isto já revela uma certa patologia: não aceitar-se como se é. Ou seja: o risco está em se transformar num simples ator.

Contudo, o problema se torna bem mais sério quando além do photoshop físico, se parte para um photoshop espiritual. Pessoas que não apresentam nenhuma qualificação para exercer uma função de destaque na sociedade, sobretudo na administração de uma cidade, conseguem fazer passar uma imagem que nada tem a ver com elas na vida real. Uma expressão muito antiga, ligada ao contrabando do ouro lá nos primórdios do Brasil, é meio feio, mas é muito expressiva: são santos do pau oco. É que naquela época um dos meios de esconder o contrabando era esvaziar o santo, mantendo apenas a casca, e enchê-lo do ouro e pedras preciosas.

Aqui mora o perigo: em época de eleição até os diabinhos se apresentam como anjinhos. Alguns são conhecidos na sua identidade profunda por toda a população; outros já foram denunciados e condenados em primeira instância, e no entanto se disfarçam tão bem que acabam enganando muita gente. Daí a importância de um levantamento histórico dos candidato.

Se este levantamento histórico não for suficiente para arrancar as maquiagens de última hora, talvez seja bom estar atento simplesmente a um fator: o da propaganda. Como é que alguns candidatos conseguem, poluir, literalmente, toda uma cidade com uma infinidade de cartazes, e todo tipo de propaganda? De onde vieram os recursos?

Quem sabe neste contexto vale a pena recordar um diálogo fictício que São Basílio Magno estabelece com o jovem rico que foi convidado, mas não quis seguir a Jesus, porque não queria renunciar aos seus muitos bens. São Basílio interpela nestes termos o jovem rico: "quem roubou, você, ou seu pai?" O jovem diz que nenhum deles roubou. Então São Basílio prossegue: então deve ter sido seu avô ou um de seus antepassados, pois ninguém fica rico só pelo seu trabalho.

São Basílio não pensa evidentemente num igualitarismo. Ele apenas se pergunta de onde vem a riqueza e o que se faz com ela.

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