O prefeito do Arquivo Secreto Vaticano, Dom Sergio Pagano, informou nesta sexta-feira, 29, que os registros referentes ao pontificado de Pio XII (1939-1958) estarão disponíveis para o acesso de estudiosos no prazo de cinco anos.
Em entrevista ao jornal "Il Messaggero", Dom Pagano explicou que os arquivos permanecem secretos por "motivos técnicos" e não por razões "políticas".
Segundo ele, o Vaticano trabalha na "preparação, sistematização, inventário, e numeração de um complexo muito amplo de documentos – mais de 16 milhões de textos – aos quais se dedicam somente 55 funcionários".
"A Santa Sé tem todas as vantagens na abertura dos registros do pontificado de Pio XII, que foi crucial por muitos aspectos, mas dos quais nada tem a temer", acrescentou o prelado.
No último dia 17, quando Bento XVI visitou a Sinagoga de Roma, o rabino-chefe da capital italiana, Riccardo Di Segni, pediu a abertura dos arquivos secretos do Vaticano e de todas as instituições católicas que abrigaram judeus durante a II Guerra Mundial (1939-1945).
O livre acesso a esses documentos é uma demanda antiga dos membros da comunidade judaica e do Governo de Israel. Os textos referentes a Pio XII têm ainda mais importância, porque este Papa foi acusado pelos judeus de ter-se omitido diante da morte de milhões de judeus no episódio conhecido como Holocausto.
Em dezembro, o porta-voz da Chancelaria israelense, Igal Palmor, reiterou a solicitação de abertura dos registros secretos de Pio XII, a fim de que os historiadores pudessem "avaliar" seu comportamento durante a II Guerra Mundial.
Para o prefeito do Arquivo Secreto Vaticano, "será necessária uma longa investigação de historiadores sérios – os quais sabem bem que os documentos para serem verificados são muitos – de diversas fontes, de diferentes tradições e qualidades".
Para chegar a um julgamento do mérito "de um problema tão grave" – sublinhou Dom Pagano – será preciso tempo e escrúpulos".
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